domingo, 23 de janeiro de 2011

INSANIDADE E COMUNICAÇÃO



Todos os seres são capazes de se comunicar; até mesmo os unicelulares.
É vero que nossas células conversam entre si; claro que ás vezes há encrencas e discordância; exemplo, a célula cancerosa, egoísta e orgulhosa quer convencer as outras a se rebelarem; e cria um mundo segundo suas concepções: o tumor cancerígeno, nossa marca registrada perante o cosmos.

O problema é tão primário que boa parte das nossas dificuldades de interação deixa como rescaldo doenças e desajustes pessoais; que surgem da falta de comunicação ou do deficiente uso dessa capacidade.

A possibilidade de nos comunicarmos pela linguagem nos divide em dois grupos básicos: introvertidos e extrovertidos.
O introvertido até pensa muito; mas não verbaliza o pensar e sentir.
O extrovertido verbaliza sem pensar.

Claro que não há introvertidos e extrovertidos puros – somos uma miscelânea, depende do momento e com quem...
Deixo a cargo do leitor a brincadeira de analisar os vários tipos na ecologia de suas relações. Só prá puxar assunto: tem o tipo coruja que fala pouco, mas presta uma atenção – o tipo papagaio, maritaca, e outros bichos.

A comunicação deficiente dificulta as relações pessoais, o que é capaz de causar doenças; pois não somos capazes de ler pensamentos; ainda. Falo pela minha pessoa; nasci com minha bola de cristal oca e deformada; só vejo o que me interessa no momento...

O introvertido sofre ao não fazer-se compreendido, “emburra”, fecha a cara e deteriora os relacionamentos; principalmente os familiares e os de trabalho; para superar isso, deve treinar; o primeiro passo é verbalizar elogios, por exemplo: “Este trabalho está bem feito! A aparência está ótima! Esta comida está deliciosa!” Até que consiga com naturalidade verbalizar a discordância: “Esta atitude foi inadequada! Isto precisa ser refeito!”

O extrovertido também sofre e faz sofrer, ao criar situações das quais se arrepende. Em boa parte deles predominam as reações emocionais, e com freqüência, a razão é chamada a consertar os estragos; quando dá.
Alguns são do tipo: macaco “bebum” em loja de cristais.

É preciso treinar a seqüência lógica e natural do processo de comunicação verbal.
Deve-se manter a ordem natural: observar – sentir – refletir - verbalizar.
Observar: envolve os sentidos do tato, visão e audição. Somos maus observadores; pois, na ânsia de viver intensamente o fazemos apenas na superfície. Temos medo de tocar e sermos tocados. Quanto à visão - percepção: quase nada vemos além das aparências. Quanto á audição: não desenvolvemos muito a paciência de escutar, motivados pela pressa e, com isso, retardamos o desenvolvimento da arte de saber ouvir.

Nosso sistema de comunicação está detonado.
Sofremos de insanidade crônica; pensamos uma coisa, dizemos outra e agimos de forma discordante. Isso, sem falar das segundas, terceiras e mais intenções ao verbalizarmos alguma coisa.
É um verdadeiro milagre que consigamos nos comunicar com um mínimo de clareza.
Para seres de fora que nos observem; nossa forma de comunicação parece aquela das piadas dos loucos conversando no hospício.
E aí mano? Tudo jóia? Tudo limpo! Na boa! Falô! Fui!

Parodiando o conceito de salvação de algumas religiões:
Salvação é alvará de soltura deste manicômio chamado Terra.

Quando nos daremos alta?

Primeiro vamos precisar aprender a pedir alta com clareza. Mas, com bons modos e respeito – nada de muita intimidade do tipo estilo brasuca: Ô lá do Alto! – Dá prá resetar esse jogo da vida e começar de novo? Só ta dando game over!

Até na profissão é complicado, pois muitos pacientes não conseguem explicar o que sentem – o tal do “mal estar” é de doer. As dores então, tão diferentes umas das outras; mas, para a maioria dor é dor e acabou. Falar a respeito da sua personalidade e jeito de ser é um tormento; a maioria quando está acompanhado pergunta pro outro: como é que eu sou? – Fico em dúvida, se ás vezes, alguns tratamentos não oferecem o resultado esperado, apenas pela comunicação deficiente; ainda mais em consulta vapt vupt...
Ás vezes, o problema de comunicação é só de dialeto. Vivi uma situação engraçada num Projeto de trabalho voluntário na época de estudante de medicina, lá no interiorzão.
O que está sentindo minha senhora?
– Tô com escorrimento na cobiçada!
Confesso que loirei, demorei pacas prá entender a queixa – mas, fui por partes – comecei pela cobiçada, mais fácil de matar, depois o escorrimento foi no embalo da descoberta. Consegui decifrar a queixa e mediquei a leucorréia da senhora.
Não retornou; mas acho que ela melhorou muito; pois ficamos por ali 3 semanas e ela depois de uma semana aparentava estar bem e até feliz – imagino que a cobiçada tenha ficado muito mais cobiçada sem o escorrimento...

Recordando: ouvir, pensar a respeito, sentir, verbalizar...

Sem boa comunicação não há cura.

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