quinta-feira, 4 de março de 2010

UMA CARA – MUITAS CARAS – E UM CANSAÇO INFERNAL

Há alguns anos tento mostrar ás pessoas a leitura que faço do cada vez mais acelerado processo de seleção humana em andamento; o prognóstico não é dos mais agradáveis – pois, a maioria escolhe o pior caminho: o uso de doping através de estimulantes (os mais comuns são á base de cafeína) para tocar um mísero dia a dia; e as recaídas são cada vez mais próximas; a ponto de levar muita gente boa á revolta, loucura, pânico, depressão; nós fazemos questão de ignorar efeitos colaterais e o processo inevitável do “rebote”; e nos atropelamos a nós mesmos; e uns aos outros; pois, quando alguém deixa de fazer sua tarefa vai sobrar prá outra pessoa; fazer; ou pagar a conta...

O amigo já faz uso de remédio para acordar e outro para dormir? Regulador de pressão arterial? Regulador de humor? (regulador de humor é o máximo da piada da evolução humana) – Precisa de assistência farmacológica para transar? - Acha que tirar férias vai resolver seu problema de cansaço crônico? – Há quanto tempo está afastado do trabalho? – Ah! – é funcionário publico, pode “coçar” por tempo indeterminado ou reciclar a tarefa - Mas, se não for estará breve no olho da rua – Está na “Caixa”! – Dá prá fazer uma paródia com um antigo comercial da CEF: “Vem prá caixa você também”! – Será que cabe mais um? A caixa ainda não encheu? – E se todo mundo for prá caixa? - Quem vai fechar a porta e apagar a luz do sistema?
Pode parecer exagero; mas, não é. O futuro é indecifrável; pois, algumas crianças de hoje já detêm condições para se aposentar – A aversão ao trabalho é imensa: todo mundo não vê a hora de se aposentar – Mas, “péra aí”; nós não fomos educados exclusivamente para a vida profissional? – Ela não é a coisa mais importante do mundo? – Está tudo errado? – Fomos enganados pelo sistema?
A vida anda muito pesada? – Ta difícil de carregar o fardo? – Não gosta do trabalho? – A família dá muito trabalho? – Viver dá muito trabalho? – Maldito trabalho! (quando é o próximo feriadão? – não sei se agüento até lá) - De quem é a culpa? – Não consegue mais encontrar culpados externos a si mesmo? – Cuidado para não ir para o inferno da culpa e da depressão! – pois, a porta de entrada está sempre aberta; mas, a de saída: não!

Nossa brincadeira de hoje; melhor levar a vida na brincadeira; é sobre uma das maiores causas de cansaço crônico – o popular: Não agüento mais!
Vamos falar de um santo remédio para aliviar o estresse crônico e o cansaço infernal: A TRANSPARÊNCIA. – Vamos tirar o insufilm da cara!

Vamos brincar de filosofar:
Estamos tão preocupados com o que os outros pensam de nós que esquecemos quem somos. E, principalmente o que viemos fazer aqui. Idealizamos tanto aquilo que gostaríamos de ser; que perdemos nossa identidade fingindo ser o que não somos.
Somos “piratas de nós mesmos”:
Na tentativa de vender nossa imagem - Criamos o nosso jeitão de ser, a nossa marca registrada; mas ele é meio “cover”, meio “genérico”; daí, não representa de verdade o que somos.
Estamos tão entretidos em representar um papel no circo da vida que não nos enxergamos; perdemos a identidade; se é que um dia já a tivemos.

Será que isso é descuido ou insanidade?
Se esse problema é tão grave quando se trata de evolução e progresso humano - Por que agimos assim?
Uma parte dessa tendência de criar muitas caras como se fossem máscaras que usamos segundo as circunstâncias e conveniências é inata, coisa de nascença; mas a maior parte dessa tendência é aprendida com os adultos durante nossa educação – Será que como cantava a saudosa Elis Regina – Nós somos covers fajutos de nossos pais?
Recordando ou conhecendo:
Como Nossos Pais
Elis Regina
Composição: Belchior
Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos...
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...
A criança copia, adota modelos e os segue.
Na verdade a culpa não é inteiramente nossa; é mais um dos distúrbios da educação - pois, nós fomos ensinados a viver como se estivéssemos representando num palco; e no teatro da vida; nós fazemos uma confusão danada entre o personagem que representamos no momento e o ator que somos. Misturamos a personalidade do personagem com a nossa; e agimos e reagimos como se um fosse o outro. Nem sempre dá certo; pois, de vez em quando; na lata ou através de “podadas”, alguém nos chama á realidade e esfrega isso no nosso nariz: - E aí cara; não se enxerga não? - Realmente não nos enxergamos, e muitas vezes nem percebemos onde é o nosso lugar; e quando estamos tentando sermos penetras de mundos e realidades que não nos pertencem.

Ao longo dos anos essa postura não modificada torna-se um ato de ilícito penal cósmico (conhece o código de ética universal?) – corresponde á falsidade ideológica na justiça comum.
Passamos tanto tempo tentando esconder dos outros alguns de nossos impulsos, algumas de nossas tendências e características de personalidade que perdemos contato com nós mesmos e com nosso mundo íntimo. Nós nos tornamos um grande desconhecido para nós mesmos.
Projetamos nossa figura num espelho que reflete imagens distorcidas – nossa auto-imagem se assemelha ao “Retrato de Dorian Gray” – obra de Oscar Wilde.
A visão que cada pessoa tem de si mesma é deturpada tanto para a superioridade quanto para a inferioridade. Depende das expectativas que aprendeu a criar sobre si mesma.
Se alguém te perguntar: - Não se enxerga não?
Não se ofenda nem se irrite; agradeça e pare para pensar. O outro talvez se achando o máximo; não percebeu que com essa podada pode ter sido um escândalo muito útil na busca do conhecimento sobre tu mesmo.

Será que persistiremos assim a vida toda?
Passada a fase infantil não nos esforçamos para sermos nós mesmos:
Continuamos a nos deixar padronizar pela educação e cultura; não somos autênticos; quase tudo do nosso jeitão de ser continua sendo copiado dos outros: nossas falas, nossas roupas, nossas atitudes, nossa postura corporal.
Em certas fases da existência, na tentativa de escapar desse encaixotamento da individualidade; até criamos a rebeldia; a contracultura; mas, breve estamos novamente padronizados em turmas, tribos, associações, conglomerados. Se uma pessoa pinta o cabelo de roxo ou verde; logo milhares a copiam na tentativa de sermos diferentes; e, o fazemos sem o uso do senso crítico; daí nós voltamos a fazer parte de uma nova turma ou de um novo rebanho.
No entanto, somos muito exigentes com os outros, e críticos quando se trata de uso de máscaras:
Não suporto aquela pessoa! Cuidado com ela, pois na sua frente é todo mel, mas nas suas costas é toda, fel!
É preciso cair na real:
Pessoas transparentes e sempre verdadeiras ainda são muito raras.
Cuidado para não imaginar que a hipocrisia está em alta na vida contemporânea; como alguns o fazem ao afirmar que as pessoas transparentes estão em extinção; elas se enganam ao pensar que as de antigamente eram mais amigas e verdadeiras; ao contrário; hoje nós estamos nos tornando mais transparentes - pena que, ainda de forma muito sofrida; pois, acontece muito mais sob a pressão do fluxo dos acontecimentos do que por uma opção consciente. A velocidade com que as experiências se alternam faz com que nossas máscaras caiam o tempo todo.

Nesta altura do campeonato da evolução esta pergunta não é descabida:
Somos ignorantes ou desonestos?
Muitas vezes detestamos as muitas caras dos outros, porque fazemos questão de ignorar ou de esquecer que fazemos a mesma coisa.
Quanto mais desonestos somos conosco; maior a dificuldade em aceitar que também somos não apenas duas, mas muitas caras.

Admiramos pessoas relativamente autênticas; e que de forma relativa sabem quem são e, o que querem da vida. Pessoas descoladas que até invejamos. No entanto, esse tipo não recebeu isso da vida de graça; nem orando nem pedindo - de alguma forma e, em algum lugar, ela conquistou; Fez o que mais detestamos: trabalhou muito; para atingir esse estágio.
Não apenas podemos; nós devemos tentar nos tornarmos, a cada dia, mais transparentes – E a motivação deve urgentemente exceder a parte religiosa, ética e moral da vida – Pois, daqui em diante, é questão de continuar vivo e atuante; ou virar um morto/vivo se arrastando pela vida – encaixotado na “caixa dos quase inúteis” ou dos aposentados por invalidez moral da anemia da vontade e da ética.

Sabe aquele cansaço crônico que está pegando pesado? – Tem, dentre outros ingredientes; um forte componente desse tira e põe máscaras no dia a dia. Antigamente, no ritmo mais lento de experiências a serem vividas; até que dava para ir levando; mas, na atual acelerada (pisaram no acelerador do mundo); além da grave perda de energia – ainda nos sentimos mal perante os outros (o que gera conflitos íntimos que se tornam verdadeiros “ralos” por onde se esvai nossas reservas de energia vital e moral – Energia Moral? – É energia moral (assunto para outros bate papo – O que isso tem a ver com nosso cansaço crônico? – muito mais do que se passa em nossa ridícula cabecinha).
Nesta vida cada vez mais acelerada, tipo “nóis capota; mas num breca”; a cada situação vivenciada; nós colocamos a carinha da nossa alma prá fora. Claro que usamos as tradicionais desculpas - como eu vejo no meu trabalho - O médico para usar a homeopatia necessita saber alguma coisa a respeito do paciente; quando pergunto ao paciente: Fale-me alguma coisa a respeito de sua personalidade – a maioria engasga – Nossa como é difícil falar de nós mesmos! – A maior parte dos que estão acompanhados perguntam ao outro – Diga como eu sou! – Hoje, alguns pacientes são pontuais: - Quer saber como sou hoje ou como era antes? – Antes, eu era uma pessoa alegre; calma; brincalhona – hoje sou irritado; impaciente; triste – mas, porque fulano me fez isso; a vida me causou aquilo – nossas justificativas são caolhas; todas as situações apenas colocam á mostra características já estavam ali. A forma como cada um de nós se apresenta hoje, é mais próximo da nossa realidade do que ontem, mês ou ano passado – em virtude da aceleração das experiências, nós estamos indo rapidamente para a vitrine da vida como acontece nos primeiros anos (as máscaras ainda não foram formadas) e na velhice (as máscaras caem quase todas) onde nossa alma fica exposta tal e qual a realidade de suas conquistas evolutivas.

Se extirpar as máscaras não fosse tão importante mestres como Sócrates (Conhece-te a ti mesmo) e Jesus (Sois lobos em pele de cordeiro) não teriam perdido tempo em nos alertar.

Como é possível nos livrarmos das máscaras das muitas caras?
Parece difícil e complicado, mas, para evitar o desgaste e o cansaço crônico; ele pode tornar-se uma divertida brincadeira que pode ser jogada a sós ou em grupo.
Em grupo pode até ser mais gostoso, fácil e prático, pois sempre enxergamos melhor o que ocorre na vida dos outros. É claro que há riscos de alguém se melindrar; outro pode sem querer querendo ferir alguém ao mostrar de forma cruel seus pontos críticos. No entanto sem riscos a correr esta vida não teria graça nenhuma. Melhor ousar – Experimentar – Dica de como começar? – O amigo é daquelas pessoas de paladar medíocre que come sempre a mesma coisa? – Não ousa mudar a dieta? – Experimente novos sabores; valores; ouse conhecer novas pessoas – Abra a porta para o novo – mantendo a regra: ninguém é obrigado a gostar de nada; fazer o que não gosta; ser arrebanhado; viver sob a ditadura da moda; etc. – Apenas ouse experimentar...

Na tarefa de se conhecer para definir o que vale a pena ser reciclado na intimidade - o primeiro passo é tomarmos contato com a nossa realidade íntima e aceitarmos a nossa condição de muitas e interesseiras caras.

Como fazer isso?
É preciso anotar. Sem anotar não dá. Lidamos com tanta coisa ao mesmo tempo; que logo esquecemos tudo.
Pegue-se de surpresa:
Anote quando fala sem pensar, pois é você que está falando.
Quando reage sem pensar é você inteiro e puro, sem distorção da mente.
Tudo que mais detesta nas outras pessoas é o seu lado mais negado se projetando; caso contrário o que o outro pensa, sente ou faz não teria a mínima importância; apenas passaria em brancas nuvens.
Estude sua vida segundo a lei de eletromagnetismo.
Humilhações freqüentes? Anote o orgulho.
Perdas seguidas? Anote a avareza.
É traído com relativa facilidade? Anote a ciumeira, etc.

Mais consciente de si mesmo passe a vigiar a clareza de suas intenções.
Anote quando seus pensamentos e sentimentos discordarem de seus atos e de suas palavras.

O prazer e a alegria de estar em paz contigo mesmo não tem preço nem nada pode se igualar a isso.

DESMASCARE-SE – Isso dá alegria, energia e vontade de viver – Esse é um passo importante para livrar-se do jugo das drogas; dos remédios que o mantêm vivo de forma medíocre.

Ultima dica:
Beba e use a transparência com moderação; para não derrapar no tipo: digo a verdade doa a quem doer... Desconstrua sua personalidade passo a passo; para colocar o tijolo certo na hora exata...
Viciado em remédios e drogas para continuar levando a vida?
Experimente substituir o sonífero pela sensação de ter feito o melhor possível naquele momento – alguns dão o nome a esse remédio natural de “paz de consciência”.
Troque o “doping” para levar a vida por uma atitude que gere energia de amor e retribuição – Gratidão é um santo remédio.
Troque o afastamento do trabalho e o desejo de aposentadoria pela energia gerada pela atitude de servir; de ser útil.

Está em dúvida sobre o que fazer?
Ouça o recado de Belchior através da saudosa Elis e reflita sobre o amor. Na dúvida ame; mesmo que do seu jeito ainda meio estúpido de amar; tal e qual o meu – neste momento de nossas vidas; isso ainda não tem tanta importância assim.

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