sexta-feira, 27 de março de 2009

QUE DELÍCIA DE SOFRIMENTO

Este não é um material de reflexão para sofredores crônicos conformados, nem para depressivos, para angustiados talvez; para os em pânico até seja útil; pois esses, ainda conservam um resquício de senso crítico.

Ignorância e medo são inimigos de peso na conquista da paz e da felicidade.

Brincamos de faz de conta com o sofrer - Faz de conta que ele nunca me alcançará! (tal e qual fazemos com a morte) Evitamos ler e discutir o sofrimento nas suas origens reais; adoramos nos iludir imaginando que nunca vamos morrer nem os nossos.
Na rotina, não prestamos muita atenção no que acontece em nossas vidas, o que nos leva a termos pouca consciência do que pensamos, sentimos e fazemos, somos ainda muito mais reação do que ação. Não fomos nem estamos habituados a parar para tentar compreender o real significado das ocorrências.
Fala e escrita; são meios eficazes para nos comunicarmos, definir postura pessoal e coletiva frente às situações que se apresentam a cada novo momento, em nossas vidas; no entanto; usamos as palavras sem conhecer seu real sentido e conteúdo; daí, nós entendemos tudo errado, e lógico, sofremos as conseqüências disso.
Nosso assunto da hora é dor, sofrer, sofrimento, embora possam se interpenetrar ou significar situações e sensações parecidas; mas contém aspectos que as diferenciam, totalmente. Para começar vamos refletir sobre o significado de cada uma:
Dor s.f (Do lat. dolor.) 1. Sofrimento físico ou moral; aflição, mágoa; dó. - 2. Sensação penosa desagradável causada por contusão, lesão ou estado anômalo do organismo ou parte dele. - 3.Angústia, amargura. - 4. Expressão do sofrimento. - 5. Luto...
Sofrer s.f (Do lat. sufferre.) (Conj. [5] 1. Ser afligido por; padecer. - 2. Suportar, tolerar. - 3. Admitir, permitir, consentir. - 4. Ser vítima de, passar por (algo danoso ou desagradável. - 5. P. ext. Experimentar, passar por...
Sofrimento s.m. 1. Dor física ou moral; padecimento, amargura, angústia, aflição. - 2. Desgraça, desastre, infortúnio. - 3. Paciência, resignação.

Como os conceitos se misturam e se confundem; isso nos deixa mais confusos ainda; no entanto, com paciência é possível separar um significado dos outros, no nosso dia a dia; apenas refletindo, ponderando somos capazes de separar o joio do trigo na compreensão.

Para exemplificar: A dor física.

A dor física pode dar origem à sensação de sofrer; mas, uma não é a outra; embora possam confundir-se. No primeiro impacto de um acidente, por exemplo, nem sentimos dor, ela surge algum tempo depois, e se acentua quando paramos para pensar e interpretar o ocorrido. Daí: ela pode ser transformada em sofrer, isso, vai depender da qualidade evolutiva da pessoa.

Imaginemos uma situação comum: Acidente de trabalho.

Um trabalhador descuidado (por vontade própria ou por não exigir do empregador condições adequadas) sofre acidente de trabalho e tem um dedo decepado, na hora, nem sente; mas, logo a seguir, alguém diz: fulano você perdeu um dedo! Pronto, é o suficiente para desencadear um sofrimento atroz; ou não, depende do grau de valorização que dá ao seu trabalho ou ao seu dedo, para uns é o fim do mundo; já para outros pode ser o passaporte para receber sem trabalhar; portanto, para uns dói mais para outros dói menos (e até para tornar-se alto mandatário).
A diferença fisiológica é que dor física pode ser bloqueada com analgésicos; e a sensação de sofrer ou dor moral, não. Ela pode ser aliviada pela vingança e pelo consolo, mas só passa de verdade com o uso da inteligência seguida da atitude de reparação.

A dor interpretada é que fabrica a sensação de sofrer.

Daí, podemos afirmar que o culto ao sofrer é uma invenção humana, e que, é um estado de sentir-se e de aceitar ou experimentar.

Só o ser humano pode escolher como sentir-se?

Aqui na Terra; apenas nós podemos sofrer ou deixar de sofrer; escolher entre alegria e tristeza, sofrimento e felicidade, de registrar essas sensações, aumentá-las, diminuí-las, e até, de nos livrarmos delas por vontade própria? - Os animais sentem a dor, mas não sofrem com ela nem por ela, muito menos pela dor alheia – Será?

Sofrer é bom ou ruim?
É sinal de atraso ou de evolução?

O sofrer é um paradoxo, e dos mais caprichados: passamos quase toda a vida tentando nos livrar dessa sensação; mas, por outro lado gostamos tanto dela que nos acompanha em quase todos os momentos, e que, está tão incorporada em nós e na nossa cultura, que desde muito pequenos aprendemos a cultivá-la com nossos pais e educadores. Até competimos para ver quem sofre mais, qual o sofrer é maior. Essa forma de sentir passa até; a ser motivo de orgulho; pois, o compulsivo estimulado por algumas crenças, acha-se um “herói” que vai para o céu através dela. Pode parecer piada, mas não é; grande parte de nós sofre de neurose compulsiva pelo sofrimento, somos masoquistas e a alimentamos. Quem duvidar desse fato, freqüente salas de espera de hospitais, pronto-socorros, consultórios para ouvir o tema das conversas das pessoas enquanto aguardam serem atendidos.

Quem tiver medo de enfrentar a condição de sofredor que para por aqui.

Para os que desejarem enfrentar seu lado masoquista – cliquem no Bookshelf Symbol 7 para continuar: cliquem no TNR.

“Nóis sofre; mas, nóis goza”. (Macaco Simão – comentarista da Folha de São Paulo).

Para alguns de nós (quase todos); distinguir dor de prazer parece tarefa difícil demais.
Lançamos alguns desafios aos leitores:
Qual a diferença entre a sensação de ardor nevrálgico de uma cistite ou uretrite de um êxtase de orgasmo?
Qual a diferença entre uma coceira anal com ardor e um quase orgasmo?
Qual a diferença entre o amor que permeia tapas e beijos?
Qual a diferença entre a sensação de vingança e de perdão?

Claro que isso é material para um livro.
Está sendo escrito.
Obrigado por ser cobaia dessa tentativa de entender a diferença entre dor e prazer.

Com a palavra, as amadas cobaias.

Paz

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