sexta-feira, 14 de maio de 2010

TECNONÊUTICA – UMA NOVA E MORTAL DOENÇA NA PRAÇA

Neste mundo a mil; cada vez fica mais difícil diagnosticar velhas patologias sem a ajuda dos tão falíveis exames de laboratório; quanto mais as novas – pois, os sintomas estão cada vez mais embaralhados. E os profissionais da saúde desaprenderam; ou melhor; não aprenderam a arte de estudar o paciente ou Propedêutica, para que se faça o diagnóstico; com a inestimável ajuda da Hermenêutica; sua continuidade. As duas foram substituídas por uma doença no diagnóstico médico ainda sem nome; mas que pode ser chamada pelo seu apelido: Tecnonêutica - uma aberração modernosa.

PROPEDÊUTICA?

Fem, aquilo que oferece ensinamento preparatório ou introdutório.
Em medicina é a Cadeira de Propedêutica inclusa no terceiro ano e tem como objetivos gerais, ensinar o aluno a fazer uma correta História Clínica do doente. Para se atingir esse objetivo é necessário que o aluno tenha conhecimentos de anatomia, fisiologia, patologia e outras áreas do conhecimento médico como clinica médica, cirúrgica, psicologia e medicina comunitária.
Mas, para isso, é preciso que ao menos disponha de tempo para ouvir o paciente ou quem possa fornecer informações adequadas sobre ele.
Neste caso o médico de família leva alguma vantagem para errar menos.
A especialidade médica que mais usa a propedêutica é a Homeopatia.
Uma dos maiores inimigos da Propedêutica é o sistema de saúde atual onde tempo é dinheiro (esse é o motivo pelo qual homeopatia e convênio médico não combinam nem dá certo); quanto mais remédio se consome melhor – quanto mais se usa a tecnonêutica mais alguns ganham; e muitos perdem a qualidade de vida; a saúde; a dignidade; mas, isso, é apenas um necessário efeito colateral do sistema neurótico de viver segundo seus defensores. Efeitos colaterais fazem parte do sistema.

A Hermenêutica deveria gerir todos os recursos; mas, ela cedeu lugar á visão hermética de mentes oportunistas e dogmáticas que desejam dar todo poder á tecnonêutica em prejuízo da propedêutica e da hermenêutica.

HERMENÊUTICA?

Um ramo da filosofia que debate a compreensão humana e a interpretação de textos escritos ou não: gráficos, exames, etc.
Na tentativa de homenagear o deus Hermes o patrono da linguagem, escrita, da comunicação e do entendimento humano – com certeza, já deve ter sido destronado; pois, como a maioria dos deuses deste universo provou ser uma cósmica farsa.

No início do século XIX ela entrou para o âmbito da filosofia como a teoria geral da compreensão.
No nosso caso, isso, quer dizer que todo médico deve ser um filósofo? Um especialista em Hermenêutica? – Então; nós estamos em maus lençóis; pois, está provado que a maioria dos profissionais graduados neste país (e não apenas médicos); são incapazes de compreender um texto de poucas laudas; quanto mais se tornar um hermeneuta diagnosticador e curador ou legislador.
Médico legislador?
Yes mano – muitos profissionais do alto da cátedra da sua visão e dos seus interesses ditam para os outros; o que fazer.
Cuidado; ás vezes você está sendo tratado segundo as leis da medicina oficial e pode pedir revisão de conduta; apenas do outro lado da vida; perante a justiça natural.

A hermenêutica abarca a totalidade do ser humano.
Pior ainda, para os viventes da arte da cura desta Era; pois nos especializamos até em dedão do pé esquerdo. A especialização precoce, nem sempre inteligente; ás vezes é inútil; e uma das causas do desastre que se avizinha na qualidade de vida das pessoas; cujo dedão do pé esquerdo está artrosado e inflamado apenas por que a mente preguiçosa não pensa.

Nem tudo que é antigo não serve mais (mesmo em se tratando de tecnologia):

Scheleiermacher (1768-1834) dá uma dica de como dever ser a compreensão da comunicação na vida humana:
• Compreensão comparativa: Se apóia em uma multiplicidade de conhecimentos objetivos, gramaticais e históricos, deduzindo o sentido a partir do enunciado (no caso: conjunto de queixas do paciente e seu modus vivente).
• Compreensão divinatória: Significa uma adivinhação imediata ou apreensão imediata do sentido de um texto (que necessita de um embasamento de saber e feeling – por isso; há profissionais e profissionais com muito ou pouco saber).
Essas distinções apontam para aspectos da compreensão superior que se dá pela sua integração. Ora, o futuro não será dos mais agradáveis; pois, o conhecimento médico moderno está sendo desintegrado a olhos vistos.
Posteriormente, com os trabalhos de Droysen e Dilthey, o procedimento hermenêutico tornou-se a metodologia das ciências humanas.
Os eventos da natureza devem ser explicados, mas a história, os eventos históricos, os valores e a cultura devem ser compreendidos – Quem é essa pessoa? – Quem é esse paciente? Qual sua visão de mundo? Qual é seu sistema de crenças? Com quem convive? Quais seus sonhos, expectativas, habilidades ou a falta delas?
(Wilhelm Dilthey é primeiro a formular a dualidade de "ciências da natureza e ciências do espírito", que se distinguem por meio de um método analítico esclarecedor e um procedimento de compreensão descritiva.) O que é espírito? Mente? Conjunto de mente, emoções e sensações? – O que dizer para uma pessoa de inteligência religiosa precário que seu problema reside também num processo obsessivo externo – a ação de uma mente externa sobre a sua?
Compreensão é apreensão de um sentido, e sentido é o que se apresenta à compreensão como conteúdo. Como medicar uma pessoa que não foi estudada e sentida?
Só podemos determinar a compreensão pelo sentido e o sentido apenas pela compreensão. Se não estudarmos o doente como ajudá-lo a compreender a origem de seus problemas – sem eliminar a causa; imaginar que os efeitos vão desaparecer é esquizofrenia.
As ciências médicas da atualidade são esquizofrênicas?
Heidegger, em sua análise da compreensão, diz que toda compreensão apresenta uma "estrutura circular". "Toda interpretação, para produzir compreensão, deve já ter compreendido o que vai interpretar". O cerne da teoria de Heidegger está, todavia, na ontologização da compreensão e da interpretação como aspectos do ser do ente que compreende o ser, o "Dasein".
Estruturas básicas da compreensão (inclusive do processo de saúde/doença/cura)
• Estrutura de horizonte: o conteúdo singular é apreendido a partir da totalidade de um contexto de sentido, que é pré-apreendido e co-apreendido (no caso; necessidade de uma educação de berço mais ética; de uma formação médica mais humanizada – seguida de uma valorização da pessoa; para apenas depois saber como ajudá-la a se curar).
• Estrutura circular: A compreensão acontece a partir de um movimento de ir e vir entre pré-compreensão e compreensão da coisa, como um acontecimento que progride em forma de espiral; na medida em que um elemento pressupõe outro; e ao mesmo tempo faz com que se possa ir adiante; e sem pressa; pois, pouco adianta a pré compreensão da doença; se não queremos despender tempo para ajudar na cura).
• Estrutura de diálogo: A compreensão sempre é apreensão do estranho e está aberta à modificação das pressuposições iniciais diante da diferença produzida pelo outro (o texto, o interlocutor – em se tratando de doenças e doentes; cada caso é um caso – nesse ponto novamente a homeopatia leva vantagem ao tratar doentes e não doenças).
• Estrutura de mediação: A compreensão visa um dado que se dá por si mesmo, mas a sua apreensão faz-se pela mediação da tradição e da linguagem. Muitas pessoas têm sua qualidade de vida detonada pela notícia feita de forma mecânica – ou quando lêem exames que não compreendem ou buscam informações isoladas na Internet.
Os costumes, cultura e etnias são alguns dos aspectos fundamentais para se ter uma legítima interpretação do texto – Conhecer quem é aquela pessoa pode fazer toda a diferença na tentativa de se conseguir uma cura definitiva ou uma melhor substancial na qualidade de vida.
Explicação e compreensão
Segundo Wilhelm Dilthey, estes dois métodos estariam opostos entre si: explicação (próprio das ciências naturais) e compreensão (próprio das ciências do espírito ou ciências humanas):
"Esclarecemos por meio de processos intelectuais, mas compreendemos pela cooperação de todas as forças sentimentais na apreensão, pelo mergulhar das forças sentimentais no objeto."
Paul Ricoeur visa superar esta dicotomia. Para ele, compreender um texto (no caso, um doente) é encadear um novo discurso no discurso do texto. Isto supõe que o texto seja aberto (que uma boa propedêutica tenha sido feita).
Ler é apropriar-se do sentido do texto (avaliar, estudar, discutir com o próprio interessado). De um lado não há reflexão sem meditação sobre os sinais e as evidências; do outro, não há explicação sem a compreensão do mundo e de si mesmo.
Resumindo:
Procure saber se o seu médico é especialista em Propedêutica, Hermenêutica, Tecnêutica ou em Enrrolonêutica ou em Economêutica.
Não é difícil saber – basta atenção e um mínimo de QI.
Questões interessantes a serem observadas:
Quem pediu os exames? Você ou o seu médico?
Ele lê os exames ou os estuda?
Dica:
Você é uma pessoa Tecnêuta ou Hermenêutica?
(Continua).

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