domingo, 25 de abril de 2010

A ECOLOGIA DA MORTE – parte 2

A primeira parte ficou bastante confusa; mas, como tudo pode ser aproveitado – não foi nada proposital; foi projeção mesmo - mas relendo com cuidado, ela serve de analogia ao que fazemos a respeito do assunto. Piadas, gracejos; exatamente o que costumamos fazer com tudo que nos amedronta, bem lá no fundo da consciência.
Analisando meu medo da morte; já passei por várias fases.
Na infância passei pela fase de medo da perda e do desconhecido – mais á frente, eu corri grande perigo ao achar que não tinha mais medo da morte (na ânsia de aproveitar a vida quase bati as botas com um IM aos 33 anos de idade – no terceiro dia de férias) – minha experiência de quase morte (6 horas infartado dentro de uma ambulância na Via Anchieta (SP) debaixo de um temporal – foi uma lição e tanto – Depois dessa experimentação, meu medo da morte vem sofrendo transformações; dentre elas, eu passei a entender meu projeto de vida; e gostaria de levá-lo adiante da melhor forma possível – seria para mim um quase desperdício – mas, confesso que não estou muito preparado para a viagem ao além.
Daí, sempre que possível volto ao assunto para tentar entendê-lo melhor e ficar mais preparado.

De onde tantos motivos para temer a morte?

Será acúmulo de ignorância mantida por vontade própria?
Caso não fosse; por que tantos Avatares cada um do seu jeito a nos lembrar disso?

Não seria melhor; passar desta prá outra; bater as botas; abotoar o paletó; ir para a terra dos pés juntos; dormir para sempre; descansar... - com destemor, bom humor e, por que não; até alegria?

O que nos impede de ver a morte com outros olhos?

A insegurança do desconhecido?
– Mas, tantas pessoas, ainda em carne e osso, provam que a busca da segurança pela segurança; equivale a própria morte em vida; pois, viver é uma grande e maravilhosa aventura; e como dizem os sábios: nada como viver a aventura de um dia após o outro.

O que fazemos de tão interessante aqui?
Vivo feliz e motivado a maior parte do tempo?

Por que tantos milhões de depressivos, angustiados, em pânico?
Será medo de viver ou de morrer?

Convivo com algumas pessoas que é difícil saber se estão vivas ou mortas; preste atenção a alguns depressivos, alguns até tem cheiro de quem já era sem que ainda o sejam – conheci uma pessoa que me disse saber quem é depressivo ou não pelo cheiro; ela é muito bem humorada; e se ofereceu para servir de exame de laboratório prá me ajuda a diagnosticar a depressão.

Será o medo de sofrer?

Mas, o que é sofrer?
O que para algumas pessoas parece o fim do mundo; para outras é apenas aprendizado.
Será que a sensação de sofrer depende do grau de consciência: saber, compreensão do fato, e aceitação?
A angústia de sofrer na crise da morte é comum; o que nos leva a pensar e verbalizar o desejo de uma morte súbita, rápida e indolor; nem fazemos idéia de que, com esse pedido, solicitamos á vida uma situação de pós – morte complicada, principalmente nos momentos em que a personalidade social está vencedora; e claro; ainda muito apegada aos desejos de ter – possuir – aparentar – gozar a vida.
Pois, passada a crise da morte (Crise na morte? – talvez seja por que os adereços para a morte estejam pela hora da morte, custando os olhos da cara – um enterrozinho básico não sai por menos de mil reais) – depois da caída da ficha: morri e agora; o que é que eu faço?
Um dos sérios problemas: obsediar.
Há um grande risco de nos transformarmos em obsessores atraídos e fixados pelo apego a bens e posses, ou pelas viciações dos nossos sentidos – de repente, bate aquela vontade doida de comer um chocolate; fumar um cigarrinho; tomar um ansiolítico; um analgésico; comer aquela comida gostosa; tomar uma cervejinha; e daí, pelo mecanismo de sintonia nós corremos atrás de alguém (ainda vivo) que nos ofereça essas sensações energéticas.

Aprender a morrer direito?
Pode parecer estranho que seja possível aprender a morrer direito; mas, além de possível é recomendável.
Perceba como os idosos dormitam o dia todo, estão mais do lado de lá do que do de cá, batem papo com gente imaginária (prá nós), estão se enturmando, prá serem recebidos na chegada – os que morrem de medo de morrer; esses têm medo da noite e dão um trabalho danado pros “cuidadores”.

Se parássemos para pensar sobre a morte, veríamos que o ideal é batalhar por uma precedida do envelhecimento, com tempo suficiente para exercitar a reflexão que facilita a adaptação, promove ajustes e dá ensejo a reparações. Preparo enfim. Qualquer um pode observar que, à medida que as pessoas envelhecem dormitam muito, passam mais tempo no outro plano do que aqui e com isso, treinam a transferência de forma suave e tranqüila. No chamado mundo moderno esse preparo foi transferido para hospitais onde a ignorância com relação ao fenômeno leva à sedação desnecessária do nem sempre ainda moribundo; o que, causa problemas durante a crise da morte e depois dela; no trato com doentes terminais (alguns ainda duram muitos anos nos Hospitais de terceira linha).
No caso dos doentes terminais:
Poucos são os profissionais preparados para ensinar o doente a morrer. Seria interessante que houvesse profissionais preparados para o tratamento psicoterapêutico da morte.
Para quem se interessar é possível começar lendo o Livro dos mortos Tibetano e o livro dos mortos Egípcio.

É certeza, todos nós teremos que cumprir essa matéria obrigatória na escola da vida; então: tudo que façamos; façamos bem feito.
Nada de amém – nem de descanse em paz...

Continua.

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