Em Sampa quando o condutor do metrô que vai de Tucuruvi a Jabaquara avisa: Próxima estação: Paraíso! – O povo fica no maior alvoroço e desce metade da carga – ali há uma conexão com outra linha; mas parece que sempre tivemos uma atração danada pelo tal do Paraíso – uma de nossas visões dele: um local lindo, pacato, onde as pessoas são pacíficas; dentre outras coisas.
Viver no Paraíso é um dos nossos sonhos de consumo cósmico – Mas, além de não criarmos de fato esse mundo; ainda impedimos que as próximas gerações o atinjam. Dizemos que desejamos um mundo melhor para os nossos filhos; onde não haja desmandos, agressividade, violência...
Mas, em contrapartida:
Na real; na sociedade em que vivemos a marca registrada de comportamento é a neurose de competição - estimulamos as crianças a reforçar a tendência de “atacar” com o único motivo de sobrepujar, provocar uma reação no oponente com objetivo de subjugá-lo; usando o álibi da defesa dos próprios interesses.
Quem disse que a humanidade não progride; se nós estamos ficando cada vez mais “velhacos”, ladinos, espertos – no bom sentido das nossas justificativas; é claro.
Na atualidade nem sempre o agressivo que se preze ataca de forma explícita, a agressividade torna-se cada vez mais subliminar, camuflada e difícil de ser erradicada. Em alguns meios é quase que considerada uma “virtude para tornar-se um vencedor sobre os pacatos e cooperativos” concorrentes.
Empresas de ponta gostam de contratar funcionários com posturas agressivas para dominar o mercado.
Quem quiser se tornar manso e pacato o que fazer?
Primeiro ficar de boca fechada para não perder os melhores lugares no mercado da vida.
Depois estudar-se para detectar possíveis atitudes de agressividade já camufladas pelo verniz social.
Exemplo: a atitude provocativa.
A atitude de provocar é ignorada como um sintoma de agressividade; no entanto, é a mais comum em múltiplas situações da vida moderna e uma das mais perigosas para a paz íntima e social; pois como bem diz o ditado popular: “quem procura acha.”.
Na infância é fácil detectar esse tipo com ímpetos de violência, pois vivem provocando a tudo e a todos, desde as crianças até os adultos, quase sempre de forma inconsciente, para expressar seus dotes agressivos. O fato de serem sempre “do contra” já é uma manifestação desses impulsos, embora meio que escondida.
Fica a questão:
Qual o motivo de todo mundo desejar o Paraíso e sonhar com o pacifismo; porém a agressividade continua ganhando de dez a zero?
É que há na outra ponta da questão; uma grave doença da evolução:
A passividade.
Omitir-se quando é possível agir é um crime contra a evolução; tão ou mais grave do que a agressividade.
O passivo é um agressivo sempre movido por seus interesses de momento e sem muita coragem.
Todos somos movidos por interesses; ás vezes engolimos em seco para defender nossos interesses daquele instante. Apenas é preciso refletir a respeito deles. Assim como a insatisfação; o interesse é uma das molas do progresso. Apenas há interesses e interesses...
Embora ás vezes não nos pareça; nós estamos no bom caminho.
Claro que o mundo tem jeito – Isso aqui vai se tornar o tão sonhado Paraíso; e não demora; pois:
As crianças da Geração Nova têm muita dificuldade em cruzar os braços quando se trata de ajudar, colaborar e até de lutar contra as injustiças; e se, por um motivo qualquer são constrangidas a fazê-lo sofrem muito e podem até adoecer. Mas, mesmo que algumas adoeçam e até morram – elas estão chegando em grande número.
Próxima estação: Paraíso!
Quem não vai descer não fique na região das portas: atrapalhando.
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