domingo, 4 de janeiro de 2009

APRENDER A LER OS SINAIS - ESCORREGÕES VERBAIS

Ao escrever o artigo anterior; mal sabia o que me aguardava:
Vale a pena prestar atenção aos sinais que a vida nos envia o tempo todo; em especial no inicio de cada novo ciclo de aprendizado. Errando e aprendendo é uma dolorosa verdade; melhor seria aplicar o conceito de Jesus: vigiar muito para errar menos. Vou dividir com os amigos do bloog os sinais que me foram enviados para ficar esperto em 2009. Talvez seja meu ano de cuidar dos escorregões verbais, dos impulsos não contidos e das idéias mal colocadas que podem magoar ou incutir medo nas pessoas. Ele mal começou e já paguei dois micos; fui obrigado pela reflexão a um pedido de desculpas e um pedido de perdão a pessoas a quem tenho muito respeito, carinho e gratidão. Sempre procuramos nos justificar – preciso ficar atento a este vício durante este ano/ciclo – as justificativas que usei: a intenção era boa; a forma foi um desastre; não servem; pois como diz o ditado: de boas intenções o inferno está cheio. Quando estamos atentos, percebemos as verdades; e esta é dolorosa: melhor perdoar do que ser perdoado – antes de usarmos a reflexão com persistência, não entendemos bem; achamos que perdoar é muito difícil e sofrido; quando não; é exatamente o contrário; ser perdoado fere muito nossa vaidade, orgulho e até o sentimento de valia ou auto-estima.
Vamos usar meus micos para refletir um pouco mais sobre perdoar e ser perdoado; desculpar e ser desculpado – desenterrando velhos escritos; com certeza; não aprendidos pelo autor:
Desculpar-se é a mesma coisa que pedir perdão?
Há diferença entre um pedido de desculpas e uma solicitação de perdão, que nem sempre é percebida pelas pessoas viciadas em se desculpar; em virtude desse hábito, costumam fazer tudo malfeito, não costumam se responsabilizar pelos seus erros, pois contam com o infalível álibi do pedido de desculpas; até que um dia se defrontem com alguém que não as desculpe e que lhes sirva de corretivo. Nessa situação, costuma julgar o outro como um carrasco e magoam-se, às vezes, até retaliam.
Originalmente o pedido de desculpas não é resultado de uma reflexão mais profunda a respeito do ocorrido e geralmente acompanha uma falta ou uma ofensa não intencional, uma imprudência, um descuido, um quase acidente. O pedido de perdão é algo mais profundo que segue uma reflexão, e na maior parte das vezes, origina-se de uma falta mais grave ou uma ofensa mais profunda acompanhada da intenção de reparar.

O que significa aprender a pedir perdão?
Desculpar-se, qualquer um se desculpa.
Pedir o perdão é um exercício de humildade (pois, o orgulho e a vaidade são tumores espirituais bem enraizados e a cirurgia moral que envolve o pedido de perdão, traz junto um pós-operatório sofrido).
Ser humilde significa ser sábio e também ser forte, conhecedor de suas possibilidades, e de suas limitações. Implica em desenvolver a coragem. Portanto, aprender a desenvolver a capacidade de pedir perdão reflete no fortalecimento de uma série de virtudes interligadas. Algumas pessoas pedem perdão como se estivessem pedindo desculpas ou até como se estivessem fazendo um favor àqueles a quem ofenderam. Falam em ser perdoados, mas não há nelas um sentimento de arrependimento verdadeiro, condição primeira de conduzir à reforma do padrão de atitudes.
Aqueles que ainda são incapazes de pedir perdão precisam exercitar o raciocínio para se tornarem mais sábios e desenvolver a coragem de expor suas próprias necessidades e limitações para que não aprendam do jeito mais difícil que é através da dor ou do sofrimento que humilha.

Não basta pedir perdão?
Aprender a pedir perdão implica em profunda reflexão seguida da intenção de modificar-se a si mesmo e à situação. Para que isso se efetive o pensar/sentir/agir devem estar alinhados dando o primeiro passo que é a intenção de reparar. Na seqüência a intenção deve ser traduzida em ação; ou seja, na mudança do padrão de atitudes.
É preciso que nos preparemos para sermos perdoados de fato, porque palavras não seguidas de atitudes não têm a capacidade de sensibilizar aqueles a quem ofendemos.
Para desenvolver a capacidade do amor é preciso aprender a transitar pela estrada do perdão que é uma via de mão dupla, perdoar num sentido e ser perdoado no outro para não andar na contramão da evolução que pode causar o desastre da dor e do sofrer. Aprender a pedir perdão implica em desenvolver a capacidade de perdoar. Uma não existe sem a outra.

Exercício de reflexão.

“Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima” – é uma verdade relativa; muito relativa – pois, mesmo as mãos amigas se cansam...
Não entendi os sinais que dei a mim mesmo ao ceder ao impulso de trabalhar em meus escritos nas vias de comunicação com os amigos a respeito do perdão e da cooperação. Na verdade era um auto-aviso, quando falamos ou escrevemos o fazemos a nós mesmos – É processo de projeção. Um dos efeitos colaterais do perdão solicitado ou não; é a culpa ou remorso e, só há um remédio: a prática do bem sem cessar e a mudança no padrão de atitudes, sem essa atitude; nada feito.
Sei o que se passa na cabeça das pessoas a quem escandalizei: “Américo, você não aprende! Que vontade de te dar um soco!” – devo ficar esperto e não levar isso na brincadeira; pois, se não vigiar muito – corro o riso de levar mesmo um soco – claro que não dessas pessoas. Mas, o pior de tudo: perder a confiança e o carinho dos amigos...
Paz.

Um comentário:

  1. Caro Dr. Américo

    Feliz 2009!

    Não se penitencie, Nobre Amigo, errar é humano, embora não tenha visto nada de errado nos temas tratados. Os seus textos, sob a minha ótica e dentro do conteúdo abordado, estão espetaculares. Penso que vez ou outra é normal a linguagem nos surpreender, aliás nem sei de onde o senhor consegue fôlego e criatividade para escrever tanto e tão bem. Sua produção é tão ágil que penso nem dar para revisar. Blog é comunicação, não é literatura. Fique tranqüilo. Ademais, dizia um pensador: "Jamais se explique. Para os seus amigos não é preciso explicar. Para os seus inimigos é inútil explicar”. Quem visita seu blog deve estar na categoria dos que não precisam de explicações.

    Da minha parte, estou parafraseando-o, quero também estar no ano de transformação. A base está aqui, em seus escritos. É muito bom “ler” a vida real. Depois de tantos Mestres e Avatares, nada mais temos a demonstrar senão prestar testemunhos confessáveis, de nossos limites humanos, diante das sutis ilações alegóricas e fraternas, pois não somos deuses, nem anjos, nem donos de verdades da consciência cósmica, somos seres humanos...comuns...limitados e ainda pequeninos, mas os que possuem a sua Consciência Luminosa esforçam-se nas tarefas fraternas, estendendo sua luz para iluminar o nosso caminho.

    Que Deus o ilumine cada vez mais, Alma Generosa e Amiga.

    Com amor e gratidão.

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