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domingo, 12 de junho de 2011
MORTOS INSEPULTOS
Vai que tivéssemos aprontado tanto na sala de aula da existência, ou até antes dela, que um dia a “fessora vida” nos deixasse apenas com duas opções de aprendizado:
Quer um câncer ou uma depressão profunda?
Qual delas escolher?
Não é preciso nem pensar muito – Dá o câncer correndo; pois através dele posso rever minha postura na existência; aprender a enxergar a vida sob outra ótica; e acima de tudo melhorar muita coisa na minha personalidade; e com isso readequar minha conduta na evolução!
Depressão?
Tô fora!
Eu vou desencarnar mesmo, a qualquer momento – faz parte do contrato – Mas tornar-me um morto em vida; com cara de zumbi de filme de comédia/horror - e pior: chegar morto do lado de lá e continuar morto – isso é desastre do desastre.
A fala de Jesus sempre nos convida a revisitar nossos conceitos – aproveitemos essa xepa cósmica em andamento enquanto ainda nos é possível.
“Deixem os mortos enterrarem seus mortos”
O Mestre nos obrigou a repensar a morte quando nos brindou com essa colocação. “Cobrado” por não parar o que estava fazendo na passagem do cortejo fúnebre, mostrou de forma simples que rituais e dogmas equivalem à morte; sinalizou que a vida é movimento, criatividade e ação.
Pegando carona na colocação de Jesus os modernos mortos insepultos são os depressivos, os angustiados, os em pânico por não poderem gozar tanto dos sentidos. Hoje há milhões de mortos vivos ainda encarnados em suas vidas egoístas e pouco úteis.
Para entender melhor o que Ele quis dizer é vital relembrar:
Quem somos nós e o que fazemos aqui?
“Na Natureza nada se cria, tudo se transforma” (Lavoisier)
Com certeza, Lavoisier não se importará com o acréscimo de um complemento à lei por ele observada: “na natureza nada se cria, tudo se transforma, e progride, diríamos...”
No ser humano a inteligência (pensamento e vontade) direciona o trabalho para determinado objetivo e, é por isso que: o que não é objetivado é morto; como disse Jesus: “... deixem os mortos enterrarem os seus mortos...”.
O objetivo primário da nossa vida é o desenvolvimento das potencialidades individuais e coletivas; segundo leis justas e imutáveis.
Para isso, os recursos são idênticos para todos.
Temos à disposição: ciclos de tempo, capacidade de produzir trabalho pelo uso da inteligência.
Liberdade para usá-los como melhor aprouver, embora, atrelada ao determinismo gerado pelas escolhas, mas modificável, a qualquer momento; pois o progresso pode ser retardado, mas jamais impedido.
É uma pena ouvir alguém em depressão dizer: Ficar assim é melhor morrer! – Credo; se a vida escuta e atende; o sujeito tá perdido – Tá no “corgo cósmico do umbralzão” como diz o caipira.
Melhor chegar do lado de lá com o corpo físico aos cacos; mas com a “cabeça boa”; corpo eu faço outro – mas, a mente...
Quando no humor negro alguém diz que está cheio de gente por aí que, esqueceram de enterrar – nem faz idéia da verdade que disse – e olha que tem cada morto vivo por aí com um corpinho da hora...
Brincar de ficar de mal com Deus – emburrar com a vida – tornar-se um depressivo de carteirinha?
Nem em sonho; nem em sonho...
Mas, se não tiver mais nenhuma opção além do câncer e da depressão – manda um daqueles operáveis; um milagrezinho no pacote também não é nada mal.
Amém.
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