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sexta-feira, 11 de março de 2011
OS “VERDADEIROS” MOTIVOS PARA TENTAR MUDAR OS OUTROS
Continuando...
A visão distorcida e deturpada que temos de nós mesmos; camufla nossas reais intenções.
Ao induzir os outros a modificarem: o padrão de atitudes; a conduta e os hábitos; não somos totalmente honestos nos propósitos; mesmo que não sejamos capazes de admitir. Nós nos imaginamos uma pessoa; mas somos bem diferentes da que idealizamos.
Esse problema de miopia existencial recebe uma forte influência da educação e da cultura.
Aprendemos a meter o bedelho onde não somos chamados: na vida dos outros. E o que é pior: ao relegarmos a nossa; nós criamos um estado lamentável de confusão, desarmonia e muitas doenças; tanto em nós quanto nos outros.
Mesmo que nossas intenções nos pareçam a princípio as melhores, as mais justas e amorosas; quase sempre a realidade é outra; bem diferente.
Vale identificar alguns agentes internos mais comuns dessa falta de respeito e de consideração, com a forma de aprender a viver escolhida pelas outras pessoas; não importa quem sejam.
Egoísmo.
O que entendemos como amor é muito mais sentimento de posse. Agimos como se as outras pessoas fossem nossa propriedade; tentamos manipulá-las; conduzi-las direto aos nossos interesses.
Quanto mais egoístas somos; mais queremos controlar a vida dos que imaginamos nos pertencer; mesmo contra sua vontade.
Até nos ofendemos se alguém nos alerta; pois segundo a nossa visão infantil; nada pode sobrepor-se à nossa vontade e aos nossos desejos.
Inveja.
O sentimento da inveja muitas vezes nos leva a tentar manipular; especialmente se resolvem se tornar independentes da nossa influência. Ficamos com raiva se alguém nos sinaliza que somos invejosos e quando nos defrontamos com essa verdade; é doloroso para nosso pobre orgulho admitir.
A inveja é um dos sentimentos mais presentes na nossa personalidade; e um dos mais negados. Admitir que os pais sintam inveja dos filhos e vice versa, é um tipo de coragem que poucos já conquistaram.
Orgulho.
O orgulhoso; está sempre muito preocupado com o que as outras pessoas vão dizer; ou pensar; a respeito dele.
Ao adotarmos os outros como nossa posse tentamos mudar-lhes: a postura, a conduta, as razões para viver; segundo a nossa ótica. Não por amor como queremos imaginar.
O que os outros vão dizer dos meus?
É uma constante preocupação.
Poder e domínio.
Quando os outros se submetem á nossa vontade, nós nos sentimos poderosos; fortes; pois nosso Ego adora se sentir no comando de tudo. Queremos transformar as pessoas em bonecos que possamos manipular: sorria, chore, fique feliz, fique triste.
Intolerância.
Tudo que tenta fugir do nosso domínio nos incomoda, perturba, tira a paz. Para que nosso Ego fique sossegado nos sentimos compelidos a sufocar a personalidade e a liberdade do outro; em ser ele mesmo.
Independência.
Não abrimos mão da nossa liberdade e independência; no entanto, não aceitamos que os outros desejem a mesma coisa.
Dependência.
Desejamos que os nossos tornem-se independentes para aliviar o que chamamos de o nosso fardo; da boca para fora. Pois se ousarem se libertar do nosso jugo de verdade; logo criamos para eles alguma forma de dependência com relação a nós; afetiva, emocional, financeira.
Tentativa de fuga de nós mesmos.
A necessidade compulsiva de tentar moldá-los segundo nossas convicções; na verdade é um disfarce para fugir de nós mesmos; da nossa falta de competência psicológica e afetiva.
Aprendemos, fomos treinados a tentar mudar nosso mundo íntimo; quase que apenas mudando o que se encontra fora.
Segundo essa ótica, na nossa vida tudo estaria bem: se não fosse isto; se não tivesse acontecido aquilo; se fulano fosse diferente; se beltrano não agisse dessa forma.
Mecanismo de projeção.
Temos uma tendência impulsiva de usar os outros; para superar através deles; nossas frustrações.
Escolhemos suas roupas; fazemos seu prato; selecionamos seus amigos; o lazer; as atividades esportivas; queremos a qualquer custo que se tornem os campeões que não fomos. Induzimos a atividades profissionais mesmo que para exercê-la não tenham habilidades; nem desejo.
Ficamos tristes; até depressivos: se não compartilham de nossas alegrias; se não tem nossos desejos e gostos.
Fuga da responsabilidade.
Usamos os outros para cumprir expectativas ou realizar sonhos; se não dá certo; temos em quem colocar a culpa.
Não foi isso que ensinei! - Dei todas as condições! - Virou isso, porque quis!
Também usamos a pessoas como álibi para justificar nossas expectativas frustradas.
Quando o outro se saí bem: disfarçadamente ou na cara dura; assumimos as glórias, os louvores, a admiração alheia.
Ficou implícita no texto, a tentativa dos pais mudarem os filhos; pois, se pusermos em foco as relações amorosas tipo: marido e mulher ou as novas e antigas derivações afetivas – daí o bicho pega e fica mais feio e perigoso; costuma descambar para a obsessão.
Mas, se fazem no nosso gosto...; tadinhos.
Qualquer dia podemos falar sobre isso.
Com certeza a maioria dos leitores do texto age de forma completamente diferente; peço desculpas por expor minhas dificuldades evolutivas.
Inté mais ver.
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