quarta-feira, 8 de setembro de 2010

SEM TEMPO PARA VIVER – SEM TEMPO PARA MORRER


Para as pessoas que adotaram o estilo moderno de viver, o dia precisaria de pelo menos trinta ou quarenta horas para que nossos velhos e novos compromissos pudessem ser atendidos.

Dia destes ouvi uma frase; que já escutei de outras vezes; mas, que não tinha ouvido direito; pois, não a tinha sentido; apenas escutado:
- Não tenho mais tempo nem para morrer!

Tenho parado para pensar a respeito; sem tempo para viver; sem tempo para morrer.

Muito já se falou e escreveu sobre o assunto, mas o fato, é que boa parte das pessoas que ouviram e leram não compreenderam. Muitos nem quiseram ouvir falar no assunto. Outros fingiram que não era com eles e ignoraram o tema. Um grave erro; especialmente não ter tempo para morrer – melhor; não parar para pensar a respeito de nossa inevitável morte.

Viver no presente baseado em conceitos de ontem sempre foi possível até alguns poucos anos. Daqui em diante, criar tantas necessidades desnecessárias e assumir tantos compromissos, pode representar um perigo para a qualidade do nosso projeto de vida e até para a própria continuidade da atual existência.
Muitos estão travando, literalmente travando em vários aspectos da vida, dentre outras coisas, porque entendem o conceito tempo, apenas segundo uma visão linear. Calendário e relógio marcam um espaço de tempo convencionado e não real.
A cada dia que passa temos a sensação de que a passagem do tempo se faz mais rápido do que antes.
Para entendermos melhor as razões disso, basta agregar ao nosso conceito linear de perceber o tempo, alguns conceitos que nem são tão novos assim (Em 1905, Albert Einstein publicou a sua Teoria Especial da Relatividade).
- O tempo não é linear, nem absoluto. O tempo é relativo.
Não se pode falar de tempo ou de espaço, mas de espaço/tempo.
Tempo e espaço são elementos para descrever fenômenos.
O tempo depende da ordenação por um observador de uma série de eventos.
Dois observadores diferentes que se movem a velocidades diferentes podem ordenar as experiências de forma diferente e até invertida.

Para efeito deste nosso bate papo: deixaremos de lado as mudanças no campo magnético do planeta – focaremos apenas que o tempo é a experiência em andamento. E que, em se tratando das nossas vivências, o estado psicológico e afetivo do observador pode mudar a percepção do tempo decorrido. A forma de ordenar os eventos para medir o tempo é também subjetiva. Depende da interpretação do observador.
Ficam algumas questões para serem respondidas:
É possível gerenciar o tempo?
A afirmativa de que você pode criar tempo ou arrumar tempo, é verdadeira?
É possível arrumar tempo para tudo?

Mas, o detalhe mais importante: não ter tempo nem para morrer; pode nos levar a um destino insólito – cheio de fatalidades futuras.
É sempre bom reservar um tempinho para morrer – uma das formas que estou tentando adotar, é a que copiei de um amigo – todo dia à noite ele diz para si mesmo: - Esta é minha última noite; não sei como e onde vou acordar – medita a respeito da sua vida alguns minutos; respira fundo; e se prepara para dormir – coisa básica que não fazemos mais – O que é dormir senão morrer durante algumas horas?
O que me levou a adotar essa forma de arrumar um tempo para morrer, é simples; ele mudou muito de um tempo para cá, está se tornando uma pessoa mais sábia, ponderada, alegre, feliz – arrumando mais tempo para viver. Será que a pessoa que arruma tempo para morrer, também arruma para viver – ou é o contrário?
Será que viver e morrer é apenas questão de ponto de vista entre dimensões diferentes - ao mesmo tempo?

Um comentário:

  1. Excelente texto que nos leva a refletir até o fim da vida (com ou sem tempo). Obrigada!
    Flávia CL

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