quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A IMORTÂNCIA DA DIETA NA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

A MINHA PORÇÃO QUERO DUPLA!

Juntamos a fome com a vontade de comer; e quem se deu mal fomos nós mesmos, o meio ambiente e o planeta.
Comer? – Quanto mais comida melhor! – Preconizou algum esperto gaiato.
Em algum lugar do passado nos iludimos a respeito do ato de nos alimentarmos; e essa “deliciosa” ilusão atravessa as barreiras do tempo. Esse estilo de dieta começou a ganhar o atual corpo na denominada revolução industrial; culminando no estilo da indústria de alimentos atual, que atende o interesse de grupos financeiros que produzem de remédios a comida num estranho e macabro processo de verticalização de interesses cruzados - da ganância de muitos - da gula e preguiça da maioria – viramos encorpados consumidores – 1/5 da população mundial já é obesa; a grande vítima: crianças e jovens que moldaram um fiel modelito de corpo, já que para o resto da vida; e que se assemelha a uma berinjela ou pêra.
Comemos muitas vezes mais do que as nossas necessidades - De quem é a responsabilidade desse desatino? Geração após geração, nossos hábitos alimentares são aprendidos por transferência de pais para filhos; e por indução ao consumo; pois, os da mídia, os que pensam mais criaram a armadilha do quanto mais se come melhor – Na verdade a maioria (os normais) se assemelha a uma boiada (adormecida para piorar as coisas) sendo encaminhada para um precipício; quem acordar e quiser escapar terá apenas o trabalho de diferenciar-se: sair para as beiradas (marginal) e andar na contramão da normalidade e das atitudes oficiais.
Solução?
Complicada; pois nos meus trinta anos de trabalho com famílias concluo que é mais difícil, ás vezes quase impossível, conscientizar os adultos do que educar as crianças. Conforme colocamos em nosso livro “Quem ama cuida” – A dieta como recurso pedagógico – Para ilustrar: Peçamos à criança que preste atenção ao aviso biológico de saciedade (a hora certa de parar ao estar satisfeito) e tentar respeitá-lo – porém como fazê-lo na infância, se os amorosos pais usam da sua “inteligência” inventando artimanhas para fazer com que a “vítima” coma tudo que o olhar guloso do adulto colocou no prato; as artimanhas vão desde o suborno (promessas de sobremesa, presentes, permissões), chantagem e ameaças físicas; ás vezes concretizadas. Para as crianças maiores (as rebeldes) é possível ajudar a pensar, mostrando a elas que muitas vezes desarranjamos esse mecanismo: sentimos claramente que era hora de parar de comer; mas estava tão gostoso que repetimos o prato e comemos além da conta – na maior parte das vezes, é porque não nos foi permitido sair da fase oral (grave crime cultural/educacional); então, quando em conflito ou crise de ansiedade comemos até o pé da mesa – especialmente á noite quando explodem nossas compulsões e TOC por comida.
Uma experiência interessante é pedir para que a criança observe em festas e em restaurantes aquelas pessoas que desabotoam a calça para poder comer mais, que suam em bica, mas continuam comendo... Peça a opinião dela sobre o fato; vai ouvir opiniões interessantes; costuma ir de coitada a grotesca, ou nojenta...
Quem lucra com a educação alimentar?
À medida que a criança aprende a comer apenas o necessário para o seu desenvolvimento harmônico e a evitar o desperdício, estará sendo iniciada na necessidade do respeito a si mesma, ao meio ambiente, ao próximo e na caridade que é um sentimento humano por excelência. – Claro que o prejuízo será da lucratividade dos “fazedores de alimento”.

Podemos usar nossa dieta para ajudar a resolver o problema da fome.
É preciso que nos conscientizemos o mais rápido possível; compreendamos mesmo; que, a causa de ainda existirem pessoas no mundo sofrendo e morrendo de fome, não é apenas pela insuficiência na produção de alimentos - as verdadeiras causas estão na nossa falta de educação ética e na pobreza de valores; além de prepotência, avareza, egoísmo, orgulho, etc.
Como tentar conscientizar a maioria dos adultos é perda de tempo; ao educarmos a criança, ela deve ser lembrada a não ser como seus pais e fazer a sua parte: comer apenas o necessário, não desperdiçar nem jogar fora alimentos; pois essa atitude pode ajudá-la a tornar-se uma pessoa de bom caráter, e, além disso; é obrigação para a atual humanidade; e ela deve ir além; deve cobrar das outras pessoas: pais, familiares, amigos, desconhecidos; principalmente dos governantes e dos que detém o poder para que façam a sua parte; pois, hoje, fazer apenas a nossa obrigação não serve. É preciso extrapolar os limites do dever. Cumprir com as obrigações pessoais e na vida em sociedade; não basta mais; é preciso ir além; devemos exercitar a responsabilidade, cidadania, solidariedade.
A esperança de continuidade da vida no planeta está nos pequenos; a criança da atualidade espera que os adultos a engajem em atitudes de servir ao próximo para que desenvolva sua própria capacidade de amar e de respeitar. Porém, antes disso aguarda atitudes e exemplos da sociedade para que aprenda a respeitar-se, começando pelo próprio corpo – pois, quando nos capacitamos a cuidar de nós e de nos respeitarmos; estaremos aptos a fazer o mesmo com as outras pessoas.
Porém; preocupar-se com o próximo nada tem a ver com esmolas.
A criança pode perceber bem rápido que ninguém deve precisar de esmolas nem de restos de comida dos outros; mas enquanto ainda é necessário devemos aprender a compartilhar nosso alimento com aqueles que não têm. Para treinar isso, não é preciso ir até os desamparados que vivem nas ruas; basta que seja estimulada a oferecer o alimento a quem estiver junto a ela quando vai comer alguma coisa; em todos os lugares: em casa, na rua, na escola – uma regra simplória da educação formal que está desaparecendo.

A dieta pode ajudar na educação ambiental.
Uma das modernas pragas que se materializaram no meio ambiente são as culturas que: não respeitam as leis da natureza; especialmente as monoculturas – as que envenenam o meio ambiente com agrotóxicos - Os agricultores gananciosos desmatam até secar o olho d’água que brota da terra – Os que queimam o excedente para aumentar o preço - Fabricam produtos que estimulam o vício alimentar.
Após conhecer suas necessidades de alimento, a criança também se capacita a identificar os possíveis estragos que algumas culturas são capazes de criar no meio ambiente: poluindo, destruindo o habitat de variadas espécies, envenenando, criando desertos, mudando o micro - clima das regiões. Não é nada difícil identifica-las, basta observar, ler, criticar, participar, engajar-se. É urgente ensinar á criança que não existem espécies de seres vivos mais ou menos importantes: Todos têm sua, importante, finalidade de existir, todas as espécies devem ser preservadas. Nossos maiores inimigos não são as outras espécies nem os desastres naturais; mas sim, as pessoas gananciosas. Ao mesmo tempo em que ela passa a entender a necessidade das lavouras respeitarem a ecologia na produção dos alimentos; a criança pode selecionar o que é bom para ela, enquadrado no que é melhor para todos e para o planeta.
Para não perder o bonde do futuro nem infernizar-se mais além; os que dizem; sem parar para pensar no que falam; que amam seus filhos ou netos, devem rapidamente engajar-se e engajar a criança na luta pela preservação das espécies e do próprio meio ambiente.
Como fazer?
A conscientização coletiva pode ser feita usando-se a comida. É preciso que a criança conheça a origem dos alimentos que consome; como são produzidos, armazenados e distribuídos; e quem lucra com a produção de alimentos saudáveis ou não - Além disso, a criança pode boicotar os que são produzidos de forma degradante ao ambiente e estimular seus amigos a fazerem o mesmo. Essa atitude pode incrementar de forma poderosa o exercício da cidadania.

A mudança de hábitos na dieta pode ajudar a diminuir o Efeito Estufa.
Crianças adoram lições bem humoradas, para alertar com relação ao aquecimento global; podemos usar o exemplo: criação de gado, porcos e aves para consumo.
É fato que, dentro de incontáveis outras causas; a criação de gado é uma das responsáveis pelo efeito estufa, dentre outras coisas pelos puns que o gado solta – podemos mostrar ás crianças que estamos concorrendo com eles, que achavam que deixaríamos o gado vacum nos bater nessa estatística entre gados e para ganhar a disputa inventamos o estresse crônico, deixamos a ansiedade sair de controle para aumentar a aerofagia (ao respirar errado, parte do ar vai para o sistema digestivo ao invés de ir para o pulmão) – com essa artimanha nunca se arrotou tanto dormindo (refluxo em primeiro estágio) nem soltamos tantos puns. Onde a criança pode colaborar? – Diminuindo a ingestão de alimentos que fermentam – evitando algumas misturas explosivas (algo do tipo, misturar frutas ácidas com doces na mesma digestão, por exemplo).
Claro que devemos enumerar algumas causas já bem conhecidas, e explicando com a honestidade que falta aos responsáveis as verdadeiras razões do problema.

Os hábitos de dieta podem ajudar a compreender que nem tudo é renovável.
Lei de causa e efeito é uma das naturais; que a genética cultural faz questão de ignorar, a um preço cada vez mais alto. Ficou impregnada pela educação no nosso DNA, uma forte conexão entre neurônios do estômago e do intestino com a área do cérebro responsável pelo raciocínio crítico – pensamos mais com o estômago e alguns órgãos mais abaixo da linha do equador umbelical – Daí a dificuldade em entender que: Estragar é relativamente fácil; qualquer idiota o faz bem; e basta uma fração de segundos - Corrigir estragos precisa de inteligência e pode levar um tempo que não sabemos ainda medir. Embora a reciclagem seja uma lei da natureza, devemos estar alertas para não transformar o planeta num lixão. Por exemplo, o uso de coisas descartáveis sem necessidade foi um erro que já traz graves efeitos, talvez condenando as próximas gerações a sofrimentos inúteis referendados pela desculpa das coisas práticas e da vida corrida. - Abaixo as embalagens descartáveis que não sejam absurdamente necessárias! É um slogan que timidamente já se ouve por aí. - Nossas crianças devem ser orientadas a só consumir o que for renovável.
Que tal desafiarmos o bom senso das crianças lançando esta questão: e se de fato retornarmos numa próxima aula ou existência aqui mesmo? Quem herdará essa sujeira e essa destruição a que estamos submetendo o planeta? Serão apenas os egoístas e gananciosos que promovem a destruição ou também os “folgados” consumidores; as cobaias que a tudo assistem de braços cruzados e de pança cheia?


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