Está aberta oficialmente a temporada da dor e do sofrimento coletivo para a maioria de nós nos próximos meses – daí, nada mais inteligente que estudemos o que seja a tal da dor e do sofrer para colocá-la no seu devido lugar; para que não nos infernize, apavore.
Como o prazer a dor é um dos itens envolvidos no mecanismo da evolução entre polaridades.
Todos os seres, dia menos dia, século menos século, aprendem a distinguir a dor do prazer e a interpretar essas sensações. Apenas, uns demoram-se mais nesse aprendizado, outros demoram-se menos; a escolher.
Usamos mais o termo dor para expressar dor física e sofrer e sofrimento para expressar a dor moral ou de interpretação.
Nem toda dor se transforma em sofrimento e nem todo sofrer se origina da dor física.
Quando começou a pensar, em conseqüência: a escolher; nós os candidatos a humanos começamos a ser afligidos pelas conseqüências das escolhas pouco inteligentes - a experimentar o que denominamos dor e sofrimento.
Para que as experiências sejam produtivas; nós devemos nos tornar capazes de administrar o uso da dor e do sofrer. Daí em diante, sentir dor, sofrer ou não com ela, passa a ser opcional, mera questão de escolha mais consciente ou menos.
Quem ainda não consegue distinguir dor de prazer - sente prazer na dor ou sofre no prazer está em momentânea, dificuldade.
Dor saudável e dor doentia:
A dor tem suas origens e finalidades.
O tipo que independe da interpretação e da vontade imediata da criatura chamamos de dor saudável.
Aquela que se mantém em decorrência de uma opção baseada na escolha do momento e que poderia ser reformada; nós damos o nome de dor patológica ou doentia – ou a dor da teimosia.
Também podemos rotular a dor em aguda ou crônica.
Exemplo:
Um sujeito que não olha direito por onde anda, tropeça, esfola e machuca o dedão. Caso reconheça que errou, que foi descuidado, logo limpa a ferida, cuida dela; e depressa ela melhora, cicatriza sem maiores problemas.
Outro sujeito descuidado, parecido com ele, faz a mesma coisa. A diferença é que logo busca um culpado que não seja ele mesmo: um objeto, uma outra pessoa, qualquer coisa. E transforma aquela dor num motivo para chamar a atenção sobre sua pessoa, quer que alguém tenha dó, cuide dele; e acaba criando uma ferida que vai inflamar e infeccionar, levando às vezes, muito tempo para melhorar.
Sofrer saudável e doentio:
Para o sofrer consciente transformado em aprendizado e que independe da vontade e da escolha do momento; nós damos o nome de sofrimento saudável; e para aquele inoperante, não aceito e mantido por teimosia; nós damos o nome de sofrimento doentio ou voluntário.
Vivemos uma época interessante.
Hoje são tantas as situações que refletem nossas escolhas mal elaboradas do passado; que não há desculpas para que não as usemos como recurso pedagógico para entendermos de vez leis do tipo: causa e efeito; retorno; justiça, trabalho, destruição, criação.
A dor serve como analgésico:
A dor maior servindo de consolo para a dor menor.
Vivemos situações que naquele momento nos pareciam o fim do mundo; e quando defrontados com um sofrimento do próximo bem maior nos sentimos consolados.
O conceito de dor é tão generalizado e importante que, muitas situações de crescimento e superação são vestidas com o rótulo do sofrer: expectativas não cumpridas, frustrações, crises, problemas, dificuldades a serem superadas; provas a serem ultrapassadas – enfim qualquer coisa que nos tire do marasmo, conforto e preguiça é símbolo de sofrimento.
A dor e o sofrer dão status nesta sociedade de malucos.
Nos bate papo seja em família ou em qualquer lugar nunca falta o campeonato de sofredores. Todo mundo quer ganhar o troféu “noinha” de rei dos sofredores.
Presume-se que a atual geração analgésico esteja preparada para enfrentar os desafios que vem pela frente neste final dos tempos – afinal a maioria levava e ainda leva um kit analgésico no estojo junto com lápis, borracha, caneta ou na lancheira.
Somos experts em inventar sofrimentos teóricos – inventamos modelos de sofrer nunca vistos – na qualidade de super-heróis nós tiramos o sofrer dos outros e o colocamos nas nossas costas.
A maioria das pessoas torce o nariz para coisas importantes.
No entanto:
Queremos derrotar o que desconhecemos e não estudamos.
Já foi dito: se lutas contra um inimigo que não conheces provavelmente serás derrotado – se conheces o inimigo mas não a ti mesmo; também estás derrotado – se conheces o inimigo e também a ti mesmo com certeza podes montar uma estratégia vitoriosa.
Se a morte me espanta.
Se a dor me aflige.
Se a perspectiva do sofrimento me enlouquece.
Porque a omissão?
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