Embora a muitas pessoas que lutam contra o ganho de peso possa parecer estranho; mas, é saudável o alerta que a Anvisa fez a respeito do remédio para emagrecer Sibutramina.
No progresso humano não há atalhos, nem mágicas – qualquer escolha tem um preço; ás vezes alto demais. No caso dos efeitos colaterais; alguns não têm volta em tempo hábil (antes da morte); outros e possível contornar e administrar.
Li alguns comentários de pessoas que usam ou usaram o medicamento – alguns acham que foi a salvação para sua auto-estima; pois perderam vários quilos - outros relatam que foi um desastre. Um item que chama a atenção é o uso do tão mal compreendido livre arbítrio. De forma infantil nós achamos que a vida e nossa e que apenas nós vamos pagar o preço das escolhas que fizermos – errado; sempre sobra para os em torno e para a sociedade. No caso do medicamento, por exemplo; se você fizer um surto psicótico ou somatizar uma doença física como efeito colateral do remédio; por mais “mala” que seja; sempre haverá alguém que se importa com você, sua família, amigos – se ficar afastado do trabalho vai sobrar para os outros trabalharem para pagar a conta do seu tratamento e da sua inatividade – Esse exemplo vale para todas as áreas da nossa vida – quando escolhemos mal sempre sobra para os outros.
Sem dúvida o problema da obesidade é cada vez mais grave; mas, ele não será resolvido com drogas mágicas; apenas com educação e raciocínio.
Fruto da cultura e da educação a forma como nos alimentamos tornou-se um tipo de TOC (transtorno obsessivo compulsivo) vitaminado pela ansiedade fora de controle; sedentarismo; armadilha da vida prática.
Mais comemos do que nos alimentamos; comer é ato instintivo, ação primária de sobrevivência. Na era contemporânea da razão o instinto não é mais sozinho aparato eficaz na alimentação; é preciso raciocínio para comer; é vital observar, selecionar e disciplinar o que, de que maneira e em que momentos devemos nos alimentar. Segue uma dieta quem busca saber receber do alimento o que atenda suas necessidades de evolução física e ética; já observa, raciocina e percebe as limitações do seu organismo; daí em diante respeita-se e vive mais e melhor.
O ato de viver é troca interminável, mas essa percepção nos escapa nas lides do cotidiano; quando nos alimentamos sem nos prepararmos para receber o que o alimento tem a nos oferecer significa reter (engordar) ou adoecer; receber é estabelecer uma relação de troca e, se o experimentamos como fenômeno unilateral que se limita a algo a nos ser dado; nós nos separamos da realidade da troca que representa em última instância, a vida. Quando comemos de forma compulsiva não observamos nada.
Disseminado e incentivado desde as civilizações antigas o vício alimentar sempre foi danoso à saúde; mas hoje ele se torna rapidamente mortal devido à química, presente nos alimentos; ainda permanecemos na fase oral individual e coletiva, inclusive, muito dos rituais nos quais cada festividade tem suas comidas especiais ainda persistem; a maioria das sociedades valorizam demais uma mesa farta e variada, e isso é reforçado pelos conceitos da sociedade consumista que apregoa “quanto mais; melhor”; para quem vende, claro; e como a maioria dos consumidores é constituída por avessos ao ato de pensar e refletir firmou-se o conceito: quanto mais se come mais saúde se tem ou estes primores: “Desta vida só se leva o que se come, e o que se bebe!, Graças a Deus não perco jamais o apetite!”.
A indução da cultura e da educação:
A pressão emocional verbalizada ou não, canalizada sobre a criança para que coma é intensa e doentia e, favorece o apetite discriminatório com anorexia nervosa. Exemplo: Mãe pressionada por paradigmas alimentares transfere sua ansiedade para a alimentação do filho que desenvolve apetite seletivo; cada refeição torna-se sessão de tortura; o adulto serve ou “faz o prato” da criança, o que não deixa de ser uma forma de impor o quanto ela tem que comer; isso reforça a reação de defesa dela que se recusa; a repetição a leva a perceber a fraqueza do adulto e passa a manipulá-lo; usa a chantagem emocional reforçada pela atitude do adulto que passa a premiar o ato fisiológico de comer. “Se comer tudo, eu te dou isto, se comer determinado alimento, te dou aquilo”!. Ou chegando a apelar para agressão física ou verbal. “Se não comer pelo menos isto, vou te deixar de castigo! - Breve o local de refeição da casa torna-se campo de batalha com estratégias e tudo; cada qual luta com as armas que tem a disposição.
Claro que vivi esse drama; como boa parte da minha geração - Em certa época para continuidade dos estudos tive que ir para um colégio interno e após seis meses só não comia pedras porque faziam doer o estômago, o que fosse posto à mesa era “devorado”; claro que a mudança deveu-se à disciplina de horários para refeição e à liberdade de poder comer ou não. Essa disciplina compulsória nós observamos também nas famílias numerosas; onde o que se põe à mesa; todos comem; e não há guloseimas á disposição.
É triste ver pais e mães que lutam contra o drama da obesidade repetir com seus filhos os mesmos erros que fizeram com eles – não adianta colocar a culpa no DNA; o problema continua sendo o DNA cultural: os maus hábitos herdados e aprendidos.
Claro que não deveria ser mais assim; mas nós somos lentos nas mudanças e continuamos “fazendo o prato” dos filhos segundo o que e quanto foi ditado pela cultura e pela mídia e não importa a idade deles tenham três ou trinta anos; mas a marca produzida na infância é tão profunda que muitas vezes passadas décadas ainda se mantêm.
Somos avessos á disciplina:
Não aceitar alimentos novos e apetite seletivo é aprendizagem, a criança copia o adulto que só lhe oferece aquilo que gosta de comer. Quando a carência nutricional é detectada a busca da solução é sempre simplória: um remédio mágico que estimule se possível o consumo de frutas, verduras, legumes, grãos e cereais; vã esperança; há drogas que estimulam o apetite agindo no centro da fome, mas que é saciado como sempre com lanches e guloseimas esboçando a futura obesidade. A correção desse desvio? É simples, barata e só depende de raciocínio e boa vontade; basta oferecer a refeição sem insistência, não substituir alimentos, não dispor em casa dos que possam fazer a vez de refeições, disciplinar horários aguardando a criança sentir fome. Desculpas? Não as há, pois observar é de graça e não dói. Exemplo? Observemos as famílias numerosas onde quase não existe apetite seletivo, a disciplina surge compulsória e natural pelas circunstâncias, não existe tempo ocioso para forçar a criança a comer, nem excesso de condições materiais para cultivar ansiedade e prazer alimentar.
A maior parte dos obesos de hoje devem agradecer á cultura e aos pais:
Para que as crianças de hoje vivam o suficiente, urge disciplinar a alimentação quanto à quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos; claro que as dificuldades existem mesmo quando já há maturidade, pois a estrutura consumista das sociedades contemporâneas cria dificuldades para os pais conscientes. A pergunta inevitável: como evitar ou atenuar a influência da mídia? Pois os meios de comunicação invadem os lares na tentativa de “conquistar” o consumidor; sempre existe possibilidade de “defesa” e um expediente simples é não levar crianças às compras; comprar só o necessário para produzir as refeições; não ter em casa o que possa ser comido fora de hora, exceto frutas e, não importa que durante algum tempo apodreçam na fruteira sem que sejam tocadas. Não adianta comprar e esconder a guloseima; a criança sempre acha; além disso, há o risco de cairmos na tentação de usá-la para fazer chantagem dando-a como prêmio para compensar alguma atitude adequada; é preciso cuidado para não premiar a criança pela que já se constitua em obrigação; alguns pais chegam ao cúmulo de premiar a criança por atitudes fisiológicas como: comer, evacuar, etc.
É necessário disciplinar horários para manter o apetite insatisfeito; pois apetite é insatisfação, a mola que nos impulsiona a evolução e, “estar com fome” é uma insatisfação positiva que leva a satisfazê-la sem excessivas exigências de paladar.
É comum que alguns adultos para compensar suas frustrações do dia a dia se dêem de presente uma guloseima que segue outra e outra.
Pensar é preciso:
A maioria de nós não sabe a diferença entre o que é bom e o que é gostoso.
Nem a diferença entre regime e dieta.
Regimes são sacrifícios quase inúteis, verdadeiras renúncias improdutivas e vazias; pois os objetivos que os movimentam são pobres de conteúdo, quase sempre são compulsórios do tipo: “ou muda ou morre” como a do diabético que é forçado a afastar-se de seus adorados açúcares. Adotar uma dieta é uma atitude premeditada inteligente.
Retornando ao assunto da Sibutramida.
A bula desse medicamento é parecida com a da maioria das drogas de última geração – com relação a vários problemas possíveis, e graves: não foram feitos estudos.
Muitos laboratórios optaram pelo estudo “in vivo” (ocorrências de dia a dia) pago pelos próprios usuários.
Vamos á notícia:
Anvisa alerta sobre remédio para emagrecer sibutramina
Medida foi tomada no Brasil após a Agência Europeia recomendar a suspensão da venda do medicamento
Agência Estado
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SÃO PAULO - Depois que a Agência Europeia de Medicamentos (Emea, em inglês) recomendou a suspensão da venda de sibutramina - uma das drogas mais usadas para emagrecimento -, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu enviar um alerta a médicos e farmacêuticos brasileiros sobre o tema.
Veja também:
Sibutramina, risco para o corpo e para a mente
Medicamentos na mira da fiscalização
A decisão do comitê europeu foi baseada em um estudo realizado com 10 mil pacientes que mostrou aumento de 16% na incidência de enfarte e derrame em pessoas com histórico de problemas cardíacos que tomaram o medicamento. Para a Emea, portanto, os riscos da substância são maiores do que os benefícios. Também com base nesse estudo, a Food and Drug Administration (agência que regula medicamentos nos Estados Unidos) decidiu que deverá ser incluída na bula uma contraindicação para pacientes com cardiopatias.
No Brasil, embora a bula do medicamento já mencione como possíveis eventos adversos a elevação da pressão arterial e arritmias cardíacas, a única contraindicação é para pessoas com histórico de anorexia.
No ano passado, a Anvisa recebeu 37 notificações de eventos adversos do uso de sibutramina - 14 relacionadas a problemas cardiovasculares. Não houve mortes.
Segundo o presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, haverá em fevereiro uma reunião da Câmara Técnica de Medicamentos para analisar os resultados desse estudo e decidir qual atitude tomar. "Podemos manter o nível de alerta atual, ampliar as contraindicações e as restrições de venda ou até mesmo proibir a substância no País", afirmou.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) enviou ontem uma carta à agência pedindo a retirada da droga do mercado brasileiro. O texto alega que "as características da população à qual o medicamento é destinado tornam a situação mais séria, posto que a obesidade é fator de aumento de risco de doenças cardiovasculares."
O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Ricardo Meirelles, afirmou em nota que "não há, até o momento, evidências de que a prescrição criteriosa do medicamento, apenas para pacientes sem contraindicações formais para o seu uso, ocasione aumento de eventos cardiovasculares".
Segundo relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), o Brasil está, ao lado da Argentina e dos Estados Unidos, no topo do ranking mundial de consumo de remédios para emagrecer. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
A Anvisa apenas cumpre seu papel de zelar pela saúde da comunidade e segue as etapas corretas; é possível que o próximo passo seja a proibição do medicamento. Claro que haverá gritaria por parte de interesses contrariados.
Fica o alerta já oferecido em outros bate papos: em virtude do aumento do cortisol gerado pelo estresse crônico ficará mais complicado perder peso; mesmo usando drogas que nem sempre manifestam efeitos colaterais de curto prazo; é preciso considerar também os de prazo mais alongado e que depois não serão detectados e passam a ser tratados com outras drogas; num mortal efeito cascata.
A saída?
Um mutirão pela educação alimentar – proibição da propaganda de alimentos na TV – pois, muitos adultos são infantilizados no raciocínio e as crianças pequenas estão á mercê de muitos desse padrão.
Estejamos dentro ou fora dos padrões de peso todos nós somos responsáveis; pois de alguma forma também pagamos a conta – afinal dinheiro público não nasce em árvores...
A intenção desta conversa nada tem contra o medicamento em questão; esse raciocínio pode ser aplicado a todos os outros; por exemplo – Qual o melhor remédio para a gangorra da pressão arterial e da glicemia? – Um bom par de tênis; short; camiseta e meia hora de caminhada. – não há pressão e glicemia que resista em manter-se descontrolada; e de lambuja, ainda ganha-se uma razoável dose de serotonina (a droga da felicidade e do prazer de viver).
O sobrepeso e o sedentarismo já detonaram com seus joelhos, tornoelos e quadril? – Não tem problema! Sempre dá prá fazer uma atividade física compatível com suas condições atuais – Não consegue vencer a preguiça? – Bom; azar o nosso que vamos ter que “bancar” seus tratamentos e internações em hospitais públicos – Ah! Tem um convênio; sorte nossa; azar do convênio; e dos que forem comprar o plano mais adiante; pois com a ajuda da sua preguiça vai custar os olhos da cara...
Será que até nas doenças nós somos egoístas e não pensamos nos outros na hora de ficarmos dodóis?
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