Depressão, angústia, pânico, TOC, surtos psicóticos...
Realmente o bicho está pegando para todos nós – claro que cada um vive seu momento; nossas lições podem ser parecidas; mas são únicas. Sirvo de cobaia para tentar mostrar ao amigo leitor um caminho para entender a nós mesmos e aos outros: a projeção; vejo no outro o que está em mim.
Doutor, eu não agüento mais!
Meu trabalho propicia um olhar mais profundo sobre o psicológico das pessoas; além disso, desde que me conheço por gente, diagnosticava e sentia o comportamento atual e futuro de quem cruzasse meu caminho – nada a ver com faculdades especiais, o mecanismo é intuitivo e projetivo; em algum lugar do passado, em alguma época, criei um carma (tudo e nada a ver com lei de causa e efeito; está mais para o lado da linguagem do caipirês – calma): automatizei enxergar os outros através de mim mesmo – hoje sei com mais clareza que, minha fala e meus escritos têm o endereço da minha própria pessoa (o problema é que sempre erro o CEP).
Claro que isso me incomodava e ainda perturba; não me interessa a vida dos outros - então passei a bloquear essas percepções para poder viver de forma mais normal; claro que minha condição de disléxico e DDAH; serve como facilitador do processo de ler o que ainda não estava escrito; e de sentir o ainda não manifesto - Para escapar, a saída encontrada foi: não registrar - Durante muito tempo usei isso como desculpa e justificativa para mim mesmo; e me dei mal; eu me viciei em fazer a mesma coisa comigo; pois conheço cada detalhe do que devo alterar no meu comportamento e finjo que tudo está correndo no tempo certo – talvez esse seja um comportamento típico dos habitantes do planeta – Mas isso, também não serve como desculpa. Fiz um autodiagnóstico e dentre outras coisas, penso que de tanto me cobrar demais reajo contra; feito criança birrenta – uso para consumo interno a condição índigo para espanar toda vez que sou pressionado – Faço quando quero! Se cobrar eu não faço!
Claro que a profissão e o estilo de trabalho a que fui conduzido me obriga a prestar atenção ao que rola na cabeça dos clientes para sobreviver, e até para pagar contas sociais e políticas que não fiz. Preciso estar “ligado nesse dom” para ajudá-los; tanto com o discurso; quanto com os diagnósticos e medicamentos; pois não posso fazer com eles o que faço com os outros que passam pela minha vida como naves espaciais ou cometas.
Como cidadão do mundo, eu já assumo, numa boa, minha falta de maturidade espiritual e comportamental; mas tenho uma tremenda dificuldade em executar; eu me cobro demais e faço pouco. Meus pacientes e conviventes servem como anestésico: não sou só eu! – Mas, e daí? O que isso resolve?
Oh Deus onde estás?
Ninguém me ama – Ninguém me quer!
Tenho identificado um problema comum em boa parte de nós: desejo de ser amado que leva a carência afetiva – Atendo pessoas que tem tudo o que a maioria sonha para ser feliz: pais, cuidados, família (alguns felizardos encontraram até a cara metade); no entanto sentem-se sós, depressivos, angustiados.
O que será que será?
O que nos aguarda no futuro?
O momento é delicado, pois o estilo de vida atual e a aceleração tem tornado o processo da sensação de solidão em algo destruidor da paz íntima.
Pouco conscientes cometemos pequenas e grandes loucuras e, nos atrapalhamos em todo tipo de relacionamentos; daí cada dia que passa nos sentimos mais solitários e pouco compreendidos; e nada comprometidos; pois cada um de nós busca fugas e refúgios bons ou péssimos para maquiar essa sensação.
Meus mestres são realmente águias ou anus como eu que imaginam serem águias?
A verdade é que estamos sendo atirados de encontro a nós mesmos; sem desejo e sem preparo. No momento vivo um drama espiritual: não sei se sou um anu ou uma águia.
O tema de nosso bate papo de hoje (está mais para monólogo, por falta de interação) é a sensação de estranho no ninho; que se agrava, quando se torna um sentimento: não fazermos parte do contexto; e até de não pertencermos a este mundo.
Em cada fase da vida essa sensação ou sentimento apresenta nuances diferentes.
Os que se sentem assim; bem que tentam se adaptar ou remediar (pior quando é preciso drogar-se com antidepressivos, soníferos e outras “droguitas” mais leves: açúcar, farináceos, chocolate – Mais leves? - só no contexto; pois nos deixam prá lá de pesados) - ou fogem através de perigosos caminhos: vícios ou distúrbios psicológicos graves.
O sentimento de inadequação pode resvalar para a menos valia ou o oposto a de rei da cocada preta.
A cada dia tenho encontrado tanto no trabalho quanto no dia a dia, pessoas que sofrem muito desse mal; com cada uma leio (pena que pouco aprendo) formas criativas de superar ou forma desastradas de viver; sempre que posso repasso ás pessoas lições vivenciadas por outras pessoas.
Usando a analogia do pássaro quanto á evolução espiritual, sempre me senti um anu (anu tem acento? Acho que só tem rabo; coisas da nova ortografia – na dúvida vamos escrever anu – sem acento), aquele pássaro com cara de bicho da idade da pedra e desengonçado – e que represento nesta brincadeira como o sujeito que vive voando baixo preocupado com as sensações e as coisas da matéria; vivendo entre águias (bicho bonito, invejável, deslizante, livre, leve e solto; quase um deus dos ares) – Muitas delas já me disseram você não é anu é águia; experimente voar – não consigo acreditar e fico lá parado na beirada do ninho – Por exemplo: em se tratando de desenvolver capacidades mediúnicas; cansei de ouvir: o cara está ai do lado; abre a boca e fala; mas teimo orgulhosamente em ficar de bico fechado – Por que orgulhosamente? Sou um anu orgulhoso, pois tímido e perfeccionista (duas das muitas camuflagens do orgulho) fico sempre em dúvida: Sou eu ou é o cara falando? O que vão dizer de mim? Sou um mistificador? Um animista? Um picareta? – Duvidas de anu que enquanto não forem resolvidas não ganhará a vestimenta de águia.
Sou ou não sou? Devo ou não devo? Existo ou sou um arremedo de pessoa?
Se isso serve de consolo, tenho encontrado muitas pessoas vivendo o mesmo drama existencial que eu: descobrir a própria identidade e tarefa de vida; e o pior: O que é e para que viver? – Mas, consolo é alimento dos espíritos fracos e pouco competentes. Quando descobrir de fato se eu sou anu ou águia; tento alçar vôo – Mas, com certeza já pode ser tarde... Fica para a próxima? – Neste ninho ou em outro? – Continuarei sendo um estranho no outro ninho? Continuarei um anu viajando nas asas de águias amigas?
Muitas pessoas têm questionado como eu: Onde está minha turma? Sou uma alma de outro universo que caiu aqui e está perdida? Quem sou eu? Quando e onde me perdi? Como achar o caminho de volta? – Parte da resposta eu já encontrei: Trabalha, espera, confia – e, acima de tudo, exercita o amor.
Mas, confesso que o exercício da atitude de amar me acalma e dá prazer (das “drogas” que meu espírito já experimentou, essa é a que dá o maior “barato”; mas ainda duvido; pois a cada dia novos fatos me trazem mais e mais dúvidas (desejos); “quanto mais rezo (mais conhecimento) mais assombração (sensação de inadequação e de ter feito tudo errado) me aparece” – Será esse o espelho onde há de refletir sua Santa Imagem? – a Eterna dúvida? A divina insegurança?
Projetando: estou me sentindo um anu muito só, pouco competente, cansado, impotente, quase inválido; mas insatisfeito com a companhia de outros anus - Alguma águia universal e luminosa quer me adotar? – Em tempo o anu é preto e desajeitado; nem branco nem luminoso (será que todas as águias sabem disso?) - Aceito; desde que não fique me dizendo que sou águia; quero ser respeitado como anu...
A cada dia começo a acreditar que o Chico Buarque tinha razão: “Deus é um cara gozador que adora brincadeira...” – Mas, com a permissão das águias que tentam me convencer que não estou condenado a ser anu para sempre; Rezo reclamando: Amado; comigo o Senhor abusou da Divina Criatividade!
Vai gostar de ser anu assim lá longe!
Cansei de tentar voar...
Brincadeira – eu vou continuar tentando.
Para finalizar: tem um amigo aqui ao lado quase desencarnado, pois ainda não assumiu; que deseja ficar escondido por enquanto; que me disse o seguinte: quando anu encarnado; um amigo me convenceu a pintar algumas penas de branco e a colocar um distintivo de marinheiro da beira do “tiete” para tentar voar mais alto e virar gavião da fiel – eu morri do coração de tanto sofrer, não agüentei e, desencarnei – aqui no plano espiritual, me convenceram a torcer para o mengo: virei urubu não deu certo; o mengo só se ferra; já tentaram me convencer a ficar verde e virar porco; outros tentaram me convencer a virar bambi; todo mundo dizendo que seu bicho cósmico é melhor: vire burro da araraquarense, etc. – Não deu certo; prefiro continuar anu; mas, se me derem uma camisa da águia vou torcer feito doido...
Vai um Prozac aí – estranho no ninho?
Não! – È melhor consumir um produto da Nestl... Aí que delícia!
Vamos nos ajudar uns aos outros: anus unidos jamais serão vencidos!
Paz.
Salve Consciência Luminosa!
ResponderExcluirDe anu-preto o senhor nada tem, Dr. Américo. Tens a imponência de um pássaro sublime feito com inspiração superior, a sutileza da alma em seu esplendor divinal de bondade e servidão. Obrigada por tua luz, em nosso mundo sombrio. A sombra que sentes, é nosso pesar que te tortura. Desculpe-nos, um dia o alcançaremos Alma Bela...não desista de nós!!!
E que as grandes águias, Jesus, Chico, Madre Teresa, Ghandi e outros, continuem te iluminando lá de cima, para que possas trazer luz aos tristes pássaros noturnos que somos nós...voe então ...voe sempre.
Com amor e gratidão.