terça-feira, 19 de abril de 2011

O TAL DO NERVOSO

Uma das queixas que mais ouço no meu trabalho é a respeito do tal do nervoso. Da maneira como as pessoas se referem a ele dá a impressão de que é uma entidade obsessora ou uma doença contagiosa que surgiu do nada; foi contraída assim sem mais nem menos e passou a alterar o comportamento do indivíduo. Alguns afirmam solenemente: estou sofrendo dos nervos!

Na minha atividade profissional, para poder escolher o medicamento mais adequado é muito importante saber quem é aquela pessoa, o que a caracteriza. Quando entro no assunto de falar de si mesmo é um desastre a percepção da maioria das pessoas; extremamente deficiente. É preciso ir tirando as tendências do paciente e os comportamentos com perguntas tipo saca rolha. Exemplo, o tal do nervoso para cada pessoa assume características e tipologia bem diferenciada; mas colocadas na mesma caixinha: nervoso ou pessoa nervosa. Agressividade latente e extravasada, má educação, grosseria, raiva, ira, cólera, inveja, impaciência, distimia, mau humor crônico..., tudo isso e mais alguma coisa recebe o rótulo de nervoso; até peripakes e xiliques são ás vezes vistos como nervoso.

Uma forma de tentar caracterizar o tal do nervoso é enquadrá-lo no “chutar o pau da barraca” dos mecanismos de contenção.

O que é isso?
Aprendemos ao longo da vida a conter impulsos, tendências; sem resolvê-los; pura maquiagem.
Exemplo: a criança egocêntrica e exigente, à medida que é educada e cresce exterioriza a imagem de adulto educado no trabalho com os superiores ou clientes, embora seja um tirano com subordinados e familiares; até que um dia...

O tal do nervoso deve se multiplicar; pois o aumento dos estímulos do momento atual desarticula essas contenções que nos enganam. Exemplo, porque nos contemos quando provocados em nossa agressividade, imaginamos ser uma pessoa calma; até que uma ou várias situações deixam a descoberto que ainda somos irritados e agressivos; daí, ficamos assustados e espantamos os que imaginavam nos conhecer...

Neste final dos tempos contemporâneo (já houve vários outros e tempos idos); o tal do nervoso vai ficar com a corda toda; pois neste momento de extrema aceleração ouve-se muito: “eu era calmo mas hoje sou nervoso, irritado após tal acontecimento...”
Essa interpretação é mais um dos equívocos que gostamos de cultuar; na verdade o “tal acontecimento” apenas gerou um abalo, fraturou a máscara, pondo a descoberto a criatura “nervosa”, irritada e agressiva que sempre foi.
A situação atual tanto no aspecto pessoal quanto coletivo é dramática e finalizadora; passamos até a correr risco de vida acelerado; a qualquer momento o desencarne vai acontecer sem depender de avisos (doenças) nem de idade.
O hipercontrole é um produtor de estresse e futuro gatilho detonador de uma crise aguda e extrema de maturação; nunca vista neste mundo; pois a cada acelerado momento, o equilíbrio provisório (contenção) será abalado por um novo acontecimento e assim sucessiva e, ciclicamente até que, a evolução deixe de ser passiva e passe a ser ativa, racional, inteligente, criativa.

Adoecer ou agredir?

Quando os mecanismos de contenção são desarticulados há somatização; que no fundo é uma agressão a nós mesmos. Uma gastrite aguda por exemplo surge num indivíduo irritável, colérico mas, medroso; quando intensamente contrariado nos seus interesses.
Mas:
Talvez seja melhor somatizar do que agredir os outros com palavras, atos, posturas. Pois negociar o pagamento da divida interna (prejuízo que causamos a nós mesmos) pode ser mais fácil.

Daqui em diante, todo juízo é pouco (vigia e ora como nos aconselhou Jesus) para evitar graves problemas futuros quando o tal do nervoso sair do controle e as “pessoas nervosas” passarem a virar notícia de primeira página.

Defina o que é ser nervoso?
Como é o comportamento da pessoa calma?

Investigue-se, estude-se, analise-se.
Quando alguém nos perguntar a respeito das nossas características da personalidade, do caráter e do comportamento, saibamos responder com um pouco de clareza para o nosso bem e o de todos.

Namastê.

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