Quando estou em SJRP vou para o trabalho e volto a pé; sempre coleciono lições. Ontem vivi um momento maravilhoso – uma experiência urbana de amor; bem xamâmica.
Cortando caminho por uma pequena rua mais isolada deparei-me com uma cena singular: um bando de anús (aquele pássaro preto que parece recém saído da pré-história; desengonçado como ele só, e que de tão mal acabado torna-se até engraçado) fazendo a maior farra; tomando banho numa poça de água no meio fio – eles não estavam nem aí com minha presença; pareciam estar se exibindo fazendo malabarismos - não sei quanto tempo fiquei ali observando; extasiado - não sei explicar; mas, meio que me senti um deles (talvez minha alma tenha voltado á infância; fiz muito disso) – claro que algumas pessoas se me vissem daquela forma iriam me achar um bobalhão; mas, de repente senti que havia outra energia no pedaço; e de repente eu vi; perto de mim uma garota aí dos seus quinze anos, também extasiada com a cena – nossos olhares se cruzaram e compartilhamos a mesma energia e sentimento – não dissemos nada; apenas sorrimos francamente; nem precisava – era como se duas almas se tornassem gêmeas através do mesmo prazer – um carro passou tão perto que espantou os anús – seguimos nosso caminho – provavelmente, ela de alma tão lavada e energizada como ficou a minha. Fiquei mais feliz por compartilhar esse momento com alguém que sintoniza com essas emoções; normalmente não tenho com quem dividi-las; tal e qual boa parte das pessoas que se integram á natureza sem fazer força para isso.
Mas, outras situações como esta virão até mim – basta que dê permissão.
Usei a experiência para refletir e compartilhar a resposta a um e-mail de uma amiga através deste.
Dentre outras coisas: amar é interagir.
Basta um olhar ou nem mesmo isso é preciso – basta apenas deixar a energia fluir: sentir – não é preciso pensar a todo instante; apenas sentir. Estamos sem energia; nós andamos pela vida, desalentados; apenas por não nos permitirmos sentir cada momento.
Mesmo via teclado; estamos aqui interagindo. Você é você e eu sou eu. Aparentemente nada temos a ver um com o outro, provavelmente nem nos conheçamos; mas: estamos conectados eu e você, numa rede cósmica; interdependemos.
Nós estamos ligados mesmo não nos conhecendo, mesmo um não sabendo da existência do outro – como eu e minha colega pequena xamã urbana assistindo ao banho dos anús - Eu te afeto e você me afeta. Se tu estás alegre tua alegria me alcança, tua tristeza também; queiras ou não; queira eu ou não.
Isso é um fato, uma realidade.
É verdade que somos seres diversos; porém fazemos parte de uma unidade: a humanidade, por isso, não faz diferença, o nosso querer ou não, interferir um com o outro, isso é lei; o que podemos fazer é analisar e escolher a forma como nos afetamos uns aos outros; de forma leve ou intensa, triste ou alegre; é meio que, ajustar o mecanismo de sintonia fina; pois estamos plugados, conectados - essa sintonia pode ser apurada pela semelhança no pensar; nos ideais; nos desejos, nas atitudes...
Somos feitos da mesma energia.
Temos a mesma origem na imensidão do universo, somos parte de uma fantástica conexão estelar. E, daqui em diante nós dois nos afetamos ainda mais fortemente, pois estamos nos descobrindo e criando um vínculo; um laço mais apertado, mesmo que nosso diálogo seja virtual. Neste momento estamos unidos, ligados por idéias e sentimentos e, quer concordemos ou não continuamos conectados pelo que aqui está impresso.
Mesmo que feche a página da Net e foque sua atenção em outras coisas, em outros fatos, a ligação persiste. É como se estivéssemos frente a frente.
Entendeu?
Provavelmente sim. Mas talvez não tenha compreendido. Raciocinou, mas possivelmente não sentiu, não incorporou esse conhecimento aos sentimentos e às atitudes diárias. Isso, ainda não importa no momento.
Apenas lembre-se:
Compreender é pensar, sentir e agir ao mesmo tempo.
Para que esse conceito de conexão/interatividade fique mais claro, vamos nos aproximar mais; através de um sentimento comum; vamos focalizar o seu mais estreito laço humano, o de família, em especial a relação mãe/filho. Observe como você e sua mãe possuem uma ligação muito forte, se está triste mesmo que ela não saiba, não importa a distância que os separe no momento, ela sente; não sabe, mas sente. Quantas vezes não tenta esconder uma tristeza e, é bombardeado com insistentes questionamentos: O que aconteceu? Porque está triste meu filho? Não adianta negar, ela ainda não sabe, mas sente. Como pode ser explicado isso. Será instinto materno? Parece mágica, mas não é; pode ser mensurável, questão de ondas, vibrações, freqüência, sintonia e conexão. – daí, ocorre também com todos os outros tipos de conexão afetiva.
Além disso; mais do de serem interativas e estarem sempre em conexão, nossas relações são eternas.
Eternas?
Que maravilha!
Para sempre?
Que horror!
Há pessoas cujo santo não bate; segundo os mais variados motivos; mas, apenas temporariamente; pois, somos candidatos a formatura na escola cósmica do amor; que é um longo aprendizado.
A eternidade não será uma ilusão?
Ou será uma convenção para um tempo que ainda não pode nem precisa ser medido?
A eternidade também é um relativo paradoxo.
Pois: que maravilha, em certos momentos imaginar estar eternamente com aqueles que consideramos nossa cara metade em todos os sentidos e ângulos, possíveis; mas por outro lado, que horror só em pensar ficar ao lado, por um tempo que não tem fim, de certas criaturas que consideramos nossos algozes; que imaginamos sejam a causa única e maior de nosso sofrer.
Tranqüilizemo-nos, pois como tudo é relativo, o conceito de eternidade também é.
Ufa! Que alívio!
Amar é sintonizar com o outro em harmonia.
Cuidado para não sintonizar ódio.
Amor e desamor não são apenas sentimentos; são freqüências diferentes de uma mesma energia, e que podemos passar de uma a outra quando seja da nossa vontade e possibilidades já desenvolvidas.
O que modifica a percepção do conceito de eternidade são a intensidade e a qualidade das relações que criamos. Então, o melhor a fazer é aprendermos a nos amar.
Sintonia e atração.
Tal e qual a garota de ontem; pessoa alguma se aproxima de nós á toa.
Atraímos e somos atraídos por pessoas; junto ás quais fizemos escolhas, num passado distante ou mais recente – ou não; ás vezes o que nos atrai é o sentir.
A forma é que pode variar: a sintonia pode ser ativa ou passiva; amorosa ou odienta. Isso, não é novidade, esses conceitos são nossos velhos conhecidos, embora ás vezes; quando em sofrer não os compreendamos; ou fingimos que não.
De onde terá vindo esse conhecimento intuitivo?
De muitas experiências e muitos mestres; sempre somos intuídos; sempre nos assopraram no ouvido da alma; em muitas línguas e nas mais diferentes situações.
Vou alimentar minha pequena desconhecida colega xamã com as energias de gratidão pelo momento compartilhado – claro que ela se sentirá sem saber por que; mais feliz nesse momento – de retorno, também eu me fortaleço – evidente que daqui a alguns dias esse momento será arquivado; mas, espero que outros surjam; e outros e outros; para que a vida se torne cada vez mais encantadora.
PERMITA-SE SENTIR.
Caríssimo Américo Canhoto,adoro seus artigos no Ecodebate, pois aprecio muito seu senso de humor.
ResponderExcluirTenho em mim--não sei porque--- que devo aproximar pessoas. Um dia talvez nos encontremos no mesmo patamar.Mas hoje, eu gostaria muito que Vc. acionasse o Institutoanima@yahoo.com.br, ele é um batalhador, espiritualista, educador. Creio que todos nós devemos nos sintonizar,vizando sempre a melhora de nossos semelhantes. Por favor, retorne,positiva ou negativamente. Agradecida/ Abraços/Neyde
Neydealdebaran@gmail.com
Querida.
ResponderExcluirJá vou acessar.
obrigado pela dica.
Gostei muito.
ResponderExcluirRecomendo á amiga que entre no meu bloog - http://saudeoudoenca.blogspot.com
SAÚDE OU DOENÇA A ESCOLHA É SUA e leia o último artigo - entre no link - direto.
Pois é, hoje, a minha memória viajou no tempo e foi estacionar lá na década de cinqüenta - século XX. Nessa época, eu ainda menino acompanhava meu pai na lida do campo - diga-se de passagem, a verdadeira agricultura familiar. Às vezes, quando no preparo da terra; antes, se fazia necessário eliminar os arbustos: esses cresciam no período em que a terra descansava, ou seja, na entre safra. Não sabíamos nada sobre meio ambiente, aliás, nem se falava sobre. Bem, hoje, eu sei que aqueles arbustos formavam o campo sujo, isto é, estágio que antecede a capoeira. O meu pai leirava os arbustos; eles, depois de leirados formavam as coivaras. O passo seguinte consistia em atear fogo nas leiras – elas queimavam e produziam muita fumaça; automaticamente, apareciam os anús - esses vinham nem sei de onde e formavam cantoria enquanto se banqueteavam com os insetos que fugiam das leiras. Curiosidade: o meu pai lançava as sementes de milho nas linhas paralelas – vinha à chuva que molhava a terra e os brotinhos apareciam; depois de um mês percebíamos que o milho plantado onde antes havia leiras ficava mais viçoso. O meu pai afirmava que era por causa das cinzas. Ah quanta saudades dos anús e dos seus cantos, bem como daquela vida simples e feliz. Hoje, as famílias mais humildes que antes interagiam com os anús na lida do campo vagueiam na periferia das cidades; lá no campo não mais existem anús, campo sujo e nem meninos acompanhando os pais no roçado.
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