MEU BEM MEU MAL...
Não sei como é a relação das pessoas com o trabalho nos outros países; mas, aqui entre nós, as comemorações do dia do trabalho bem representam nossa condição social esquizofrênica. Comemorar o quê? – Lutar para que? – Melhores condições de trabalho? Para que? - Se as pessoas não gostam de trabalhar? – Nestas bandas do planeta trabalho e sacrifício são duas palavras que a nossa sociedade em geral, considera muito próximas em significado; quase sinônimo. Exceções são casos em que algumas pessoas conseguem unir trabalho e prazer – mas, para que isso ocorra é preciso ideal; coisa rara entre nós (não faz mais parte de nossa cultura). Pior ainda; entre nós o trabalho tornou-se um evento gerador das famigeradas “castas”: funcionários públicos x privados; trabalhadores formais x trabalhadores informais.
Trabalhar para que? - A Lei de Trabalho é um dos aspectos da Lei Divina ou Natural, e visa o progresso social e espiritual da Humanidade. Como a Lei Divina ou Natural é a única para a felicidade do ser humano, daí se depreende que sem trabalho não se consegue ser feliz. Mas como aceitar esta verdade, se nós observamos tantas pessoas que “trabalham” muito e parecem tão infelizes? – Claro que nem sempre alguém se vê em condições de escolher aquilo que gostaria de fazer profissionalmente; sobretudo nas camadas sociais mais pobres é que se observam grandes discrepâncias entre desejos, possibilidades e oportunidades.
Há que se dar tempo ao tempo?
Talvez ainda seja uma das características deste nosso momento evolutivo, onde tudo gira em torno do deus $; o fato de haver grande parte de atividades necessárias à sociedade e ao progresso sendo mal remuneradas ou valorizadas (nesta sociedade de consumo; valorização implica em $); e que, ao mesmo tempo, requerem das pessoas grande esforço físico ou mental; considerado penoso; além da abdicação de sonhos e ideais (quando os há); em nome da sobrevivência.
Hoje, especialmente no serviço publico (conceito totalmente subvertido; pois o que se busca no passar em concursos tão inócuos; quanto ás vezes inúteis; são apenas privilégios); há os que insistem numa carreira que não corresponde à sua vocação: por orgulho, desejo de poder, porque conquistariam uma posição social que não desejam perder (privilégios de FP que alguns medíocres teimam em rotular de direitos adquiridos). Neste caso; pessoas que estavam destinadas (conforme contrato assinado com sua própria alma) a uma tarefa específica relacionada com as razões do seu viver - algo do tipo: médicos, enfermeiros, nutricionistas; que na tentativa de conseguir a famigerada estabilidade; se “matam de estudar – decorar conceitos de economia e outras coisas ligadas a se tornar um “perito em qualquer atividade de fiscalização e de economia” que nada tem a ver com sua tarefa de vida; daí sofrem,; não pelo trabalho em si; mas porque, no fundo, não desejam efetuar mudanças que poderiam conduzir a uma vida mais satisfatória em termos de ideais que jogaram na lata do lixo (sua própria aposentadoria).
Nesta esquizóide sociedade; tem gente que transforma o trabalho em sacrifício pela maneira como o realiza. Dentre os padrões que tomamos emprestados à sociedade - como o idioma, o comportamento esperado em função do sexo ou da idade, os papéis rigidamente definidos - existe um que identifica trabalho com sacrifício: depressão, angústia, pânico, doenças; a aparência de constante cansaço e preocupação é valorizada, hoje em dia, como sinônimo de produtividade e eficiência. É como se as pessoas só pudessem realizar-se profissionalmente abdicando do lazer e da convivência com a família e os amigos, adquirindo hipertensão e problemas cardíacos, deixando de fazer o que gostam, e assim por diante. Neste feriado que teoricamente simbolizaria a luta por melhores condições de trabalho e de vida; pelo qual muitos deram a própria existência (devem estar se revolvendo nos túmulos) e que hoje são representados pelas ridículas figuras dos sindicalistas de carreira (buscam cargos políticos para continuarem sua saga de conquistar poder e glória $ mesmo que pouco ou nada competentes); que arrumam greves para atende aos interesses dos empresários bem ou mal intencionados; depois; eles se escondem atrás dos prepostos que foram colocados a serviço da justiça pelos seus antecessores...
A exploração dos que “pensa pouco” continuará; mesmo que muito escolarizados (nada a ver com educação) até que novos seres realmente inteligentes surjam. Por exemplo: Inventou-se toda uma parafernália para manter o homem ligado permanentemente ao trabalho, desde os pagers até os celulares e laptops, de modo que qualquer pessoa com recursos financeiros pode se transformar num escritório ambulante, brinquedos perfeitos para esta geração que vive com pressa, que vive perdendo hora, que vive para o trabalho e se esquece de todo o resto, inclusive de suas necessidades básicas. Acontece que nem sempre estas pessoas supostamente ocupadíssimas e preocupadíssimas conseguem ser de fato tão produtivas e eficientes; como seriam se respeitassem os limites de seu corpo, se atendessem às suas necessidades físicas e emocionais, enfim, se procurassem viver mais de acordo com seu próprio ritmo. São as modernas cobaias de volta. Não que não alcancem resultados. Mas poderiam fazer o mesmo e talvez até mais, se olhassem as coisas de um modo mais descontraído, menos estressante, desenvolvendo maneiras agradáveis de desempenhar as mesmas tarefas.
As leis de sobrevivência do mundo moderno; cria uma ilusão de bom funcionamento, uma falsa impressão de eficiência, e de justiça social; mas de fato não passa mesmo de um corre-corre, e só! E seria até divertido, se não mandasse gente para o médico e para o hospital, e para o necrotério mais cedo que o previsto, se não roubasse tempo dos filhos, se não impedisse a proximidade reconfortante com a Natureza e, sobretudo o contato consigo mesmo.
Neste feriadão – quem parou para pensar: Qual a importância do trabalho e do repouso? Quem nos ensinou sobre nossas reais necessidades? Quando é que estamos nos sacrificando inutilmente, ou seja, lutando por coisas que não são essenciais para a razão de nosso existir?
“Tudo trabalha no Universo. O micróbio, a planta, o peixe, o vento, a chuva. Por que é que só o homem fica doente ou se mata de trabalhar”? (Rita Foelker).
Somos moldados desde antes da concepção para a vida profissional – O que chamamos erroneamente de educação é apenas um preparo para a vida profissional – Digna? Realizadora?
Qual a razão para que segunda feira seja o dia de energias pesadas que, já começa a nos afetar ao final das tardes de domingo?
Nos concursos públicos e nos contratos de trabalho privados deveria ser assinado um contrato onde deveria estar diferenciada de forma clara a correspondência entre deveres e obrigações – Nada de privilégios.
Bom final de feriado.
Está com crise de enxaqueca? Pegou uma virose? Enfartou? Aumentou a depressão? Acidentou-se no trânsito? Brigou com algum familiar?
Parou para pensar na sua relação com o trabalho?
Cansei; falar de trabalho; esgota...
Nenhum comentário:
Postar um comentário