Doenças de repetição e crônicas são sintomas de solidão:
Estou me sentindo muito só! Carente, sem motivação, cansado, doente – mal amado.
Por quê: os que me preenchem de alegria; os que me entendem; os que me amam; todos passam por mim; mas; não ficam comigo?
Serei portador de alguma doença afetiva contagiosa?
Para tentar justifica essa sensação, que cada vez atinge um maior número de pessoas, e que provoca inúmeras doenças físicas – especialmente entre as crianças: viroses, gripes, pneumonias (por que meus pais não têm tempo para mim?) - Explicações há muitas; e dentre elas:
No salve-se quem puder dos interesses; não há como negar, o fluxo dos acontecimentos está cada vez mais acelerado, ninguém consegue tempo para dedicar-se a si mesmo; quanto mais ao outro; portanto, é natural que a sensação de isolamento e de estar só, torne-se cada vez mais forte, sofrida e doentia.
Neste rápido bate papo, analisaremos juntos alguns aspectos que envolvem a solidão saudável e a doentia (para crianças não há solidão saudável): lógico que não escreveremos um tratado sobre a solidão nem sobre a arte de viver só. A intenção é criar uma desculpa para pararmos para pensar no assunto. Muitas outras causas e fatores estão em jogo; não apenas as que nos lembramos de colocar em discussão; repense as suas...
Por exemplo:
Estudos comprovam que as pessoas que tem muitos amigos, parentes e laços sociais, podem ter uma vida mais longa e de melhor qualidade se comparadas com os que vivem de forma mais isolada. Outros estudos; mostram que pessoas separadas ou divorciadas, têm maiores índices de doenças em comparação com os que vivem uma vida a dois.
Esse tipo de pesquisa é como comprovar o óbvio; pois já é sabido que nosso pensar/sentir/agir é uma onda de energia que interage com as dos outros e que retorna ao emissor, um bumerangue; quem só pensa em si mesmo, acaba isolando-se do resto e, detém o fluxo de energia que representa a própria vida, a troca, o amor. O solitário compulsivo torna-se um problema para si mesmo; pois se afasta dos outros sem trocar energias e, que também impede que as pessoas se aproximem dele. Mas, como explicar que pessoas que se dedicam de forma quase compulsiva aos outros; também se sintam solitários?
Será que o estilo de vida neurótico é o bode expiatório?
O estilo de vida acelerado que adotamos, nos leva a ampliar e a fixar a atenção apenas em nós mesmos, nas nossas necessidades ou na dos nossos; nem sempre adequadas.
Poucos dispõem de tempo para as outras pessoas; muitos até deixaram de ter tempo para atender ás suas necessidades de repouso, lazer e prazer; e dedicam-se a cultuar e a viver apenas para coisas impessoais, como instituições ou empresas.
A educação que preconiza e cultua a neurose de competir para sobrepujar o outro a qualquer preço e a qualquer custo, colabora para acelerar a solidão compulsória. A cultura das coisas usa e joga fora passa a ser aplicada também entre nós; o que nos torna descartáveis ao deixar de atender os interesses vitais mais imediatos do próximo. Uma das conseqüências desse estilo de vida é o clima de insegurança e de medo que leva uns a desconfiarem dos outros, pela aparência, cor, raça, estudo, religião...
Mas, o que é a solidão?
Alguns de nós, já nascemos com a tendência para o isolamento. E podemos ser identificados desde a infância, nas atitudes de retraimento tão marcantes que chamam a atenção (algumas crianças costumam espiar os outros escondidos atrás do pai ou da mãe). Apresentam significativa dificuldade para fazerem amigos. Além disso, no decorrer da vida a educação e a cultura, complicam a vida do solitário de nascença; pois estamos voltados para a competição neurótica; o que aumenta a sensação de solidão da população em geral, a cada dia; pois os outros são vistos como inimigos em potencial dos nossos desejos, e tornam-se concorrentes. Medo, insegurança, sensação de inadequação e aversão a competir são características que costumam fazer parte da personalidade dessas pessoas.
Experiências mal sucedidas também costumam desencadear o retraimento e a tendência ao isolamento.
Adoecemos para receber carinho e atenção; para justificar algo não conseguido; e até pra unir os outros.
Resumindo a sensação:
A tristeza de um momento, ou de um dia estar só, é como a maioria das pessoas percebe a solidão.
No entanto, para os adultos e até para algumas crianças; ela assume outros aspectos mais diferenciados; pois, também pode ser voluntária e controlada como a opção de estar só para encontrar o caminho existencial a seguir e, as melhores razões para viver: ficar só, por alguns momentos, também é uma das necessidades da nossa alma.
Não existimos para viver enclausurado em nós mesmos: Por violentarmos a natureza interativa humana, a tristeza da solidão é um dos nossos estados de nos sentirmos; mais temido. Pois, nos atira de encontro a nós mesmos sem preparo e sem vontade, num turbilhão de sensações e de mazelas íntimas das quais queremos fugir a todo custo. Isso, entristece, adoece, induz aos vícios como fuga, e pode até causar mortes temporárias de corpo e de alma.
Estar só sem o desejar e, não ter com quem; conversar, discutir, sorrir, até mesmo brigar ou ficar de mal, assusta; porque contraria nosso destino que é a interação física, a interdependência plena ou o amor com todas as suas matemáticas leis; não existimos de verdade sós ou isolados; muito menos apenas na mente; pensar assim é criar a ilusão ou egoísmo/orgulho; não existimos para sermos solitários; mas sim, solidários.
Temos medo de não sermos amados; no entanto; pouco ou nada; fazemos para merecer esse amor; daí: o solitário doentio costuma sentir-se vítima dos outros, abandonado, esquecido. Pois, enxerga apenas segundo a visão voltada apenas para si e seus interesses; os outros são sempre os ingratos; e quando se descobre interessado em alguém; e, deseja se aproximar; o faz de forma inadequada, pois procura de todas as formas; agradar ao outro como uma meta; e não, como conseqüência da sua forma de ser e de agir. Essa postura o torna um “ser grudento” incomodando as outras pessoas que, logo se afastam dele, o que reforça sua sensação de vítima, num círculo vicioso; isolando-se e, tornando-se cada vez mais desconfiado e arredio.
Nem todo solitário sofre de solidão.
Essa sensação também é uma polaridade tanto objetiva quanto subjetiva; questão de interpretação. Ela faz parte da natureza humana e, todos nós teremos de vivê-la um dia, desvendá-la dominá-la, aprender com ela.
Ás vezes faz bem ficarmos atrás da cortina do ego; e a explicação é simples, estar só é uma das fases da nossa evolução que, é feita na intimidade do próprio ser e chama-se interiorização, único caminho capaz de nos levar ao amor próprio; Além disso, é preciso desvendar os mistérios internos para compreender melhor o que está do lado de fora de nosso ser.
A solidão controlada e direcionada a buscas íntimas é um dos caminhos mais adequados para facilitar o progresso; alguns a chamam de meditação.
A solidão como sofrimento indica falta de compreensão para viver aquele momento.
A maior dor da alma solitária é sem dúvida a própria sensação de impotência; já sendo capaz; pois lá no fundo de nós mesmos sentimos que a solidão não nos preenche; que há uma clara sensação de falha; e que muitos tentam repassar ou passar adiante: culpando os outros. Justificando-se com a traição, o abandono, a incompreensão. Que, quando real, sempre, pode ser útil, chama-se bumerangue ou lei de causa e efeito.
A sensação de estar só nada tem de complicada, é uma lenta construção pessoal, erguida minuto a minuto, pensamento a pensamento, sentimento a sentimento, atitude a atitude, de forma pessoal e voluntária. Foi construída como a sensação de isolamento; mas, pode ser transformada em sensação de amor, a qualquer hora e a qualquer momento; isso depende apenas de saber, desejo e vontade.
A solidão, interpretada como sofrer, é uma doença transitória da alma que, como as outras, tem fatores que a geram, mantém; mas também tem a cura definitiva ou temporária, a escolher.
Conforme dissemos no livro “Saúde ou doença: A Escolha é Sua”; também a solidão sofrida ou a solidariedade é uma questão de escolha.
Nesta conversa despretensiosa vamos concluir; ou esperamos que, juntos decidamos: o medicamento genérico e universal para a cura da sensação de nos sentirmos a sós; chama-se: Solidariedade; um santo remédio para as doenças do orgulho, do egoísmo, da inveja, da competição, e das expectativas...
Então haverá cura para a solidão?
Resolver o problema íntimo de sentir-se triste e solitário pode tornar-se uma coisa difícil de ser resolvida a, curto prazo; e, vários são os fatores que complicam a resolução. Internos: egoísmo, orgulho, medo, preguiça, inveja. Externos: educação, cultura, valores sociais, etc.
Outro entrave: a formação de expectativas. As pessoas temem sentirem-se sós ou desamparadas e, querem que as outras gostem de estar com elas sem que tenham que dar atenção ou retribuir as manifestações de cuidados ou de afeto dos outros.
Atenção pais de crianças que vivem doentes:
É preciso: Sentir o outro com o corpo todo. Não basta sentir o outro com o entendimento; é preciso usar o corpo todo para tornar nossas relações saudáveis e felizes; o distanciamento proporcionado pela atual forma de viver agrava a sensação de andar só na vida. Atenção - abraços e beijos realmente sentidos – curam...
Na dúvida sobre o que fazer: Amemos uns aos outros para não precisarmos de injeções nem de remédios...
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