O PIOR ESTÁ POR VIR?
Analisando as imagens mostradas pela TV a respeito dos atos de vandalismo acontecidos na comunidade de Paraisópolis no bairro do Morumbi em SP; um fato me chamou a atenção, a maioria dos manifestantes é constituída de adolescentes; logo eu me lembrei, de dois fatos que guardam entre si a presença de jovens; recentemente ocorridos no litoral da baixada santista de SP um deles no município de Praia Grande; outro em São Vicente; aparentemente os motivos que levaram ás manifestações são diferentes. A ocorrência no Morumbi parece ter sido encomendada e planejada pelo poder paralelo (organização criminosa); a de Praia Grande se assemelha, mas talvez mais pelas circunstâncias; a de São Vicente traz a suspeita de ocorrência gerada pelo “embalo” de um show (bebida, droga e som que anestesia a mente dos jovens; facilitando a incorporação das letras de músicas, levando a atitudes de agressividade e violência).
Em todas as épocas a força da impulsividade dos jovens sempre foi usada e manipulada através do incitamento. Um jovem não ateia fogo num índio dormindo; dois jovens, já há uma possibilidade; três jovens, essa possibilidade aumenta muito; basta um estímulo de uma mente forte e perversa para detonar a atitude impensada de alguns jovens até promissores cidadãos.
Claro que atitudes de vandalismo e de fúria patrocinadas por jovens irados não é exclusividade nossa, vez ou outra assistimos a distúrbios até em países de primeiro mundo; e sempre houve; talvez o que choque, seja a perda de conteúdo da motivação; cada vez mais sem nexo.
Por que os em condição de fazer algo deram permissão para caminhar em direção ao caos? – Interesse, comodismo, pobreza de valores éticos e covardia. Resumindo: até pouco tempo, poucos minutos atrás, nossas crianças (as dos outros) eram mortas pela droga, maus tratos; e a maior causa de mortalidade entre jovens do sexo masculino, especialmente na periferia é assassinato; mas, isso não é suficiente para nos tirar da modorra do conforto; nós os que podemos e devemos fazer alguma coisa concreta (nada de falatório); para evitar o caos que se avizinha. Qual o anestésico de consciência mais usado: o problema é dos governantes. Qual o atalho? - A fuga; pois até o momento, ainda é possível, blindar o carro, esconder-se atrás de vidros escuros, altos muros e contratar seguranças (em São Paulo o número de seguranças particulares é bem maior do que o número de PMS); ou esbravejar, assistindo o noticiário em casa, no happy hour nos botecos, nas associações, nas instituições religiosas – fugir dos grandes centros para cidades menores pareceu a muitos uma boa solução; enganosa, pois nas pequenas cidades o aumento da violência e dos crimes aumenta em proporção até maior.
Vivemos “dias velozes e furiosos”, daí; antigos adágios continuam válidos; mas perderam completamente a eficácia – vamos a um deles: a estória do beija flor que levava água no bico para apagar o incêndio na floresta – muito lindo que, cada um faça sua parte – mas, nada eficiente e atitude pouco inteligente; pois, o que vai resolver? – Nada. Atitude mais inteligente do pássaro (cidadão) seria usar o bico comprido, forte e pontudo para cutucar o paquiderme (forças do estado) para que usasse sua, ás vezes, inútil e sugadora tromba. Atitudes isoladas não funcionam mais, é preciso juntar – lembra de outro adágio; esse sim válido: - “Se correr o bicho pega; se ficar o bicho come; se juntar o bicho foge”... Ou nos organizamos rapidamente como sociedade ou a choradeira vai ser grande.
Há alguns anos vozes isoladas se levantaram para alertas a respeito dos descaminhos da educação; todas ridicularizadas. Muito se fala em educação; mas, poucos se interessam por ela. A maioria confunde educação com instrução; pais querem terceirizar a educação dos filhos.
É irritante ouvir dos acomodados adoradores de crenças em conto de fadas, papai Noel, soluções mágicas...; que a visão dos que alertam, é negativa e catastrófica.
Não é preciso bola de cristal nem usar argumentos de mudanças planetárias; vamos brincar de pensar e colecionar figurinhas (notícias) para montar o álbum dos próximos tempos. Claro, para alguns algumas situações e fatos representam problemas; para outros a mesma situação é vista e sentida como lição; questão de foco.
Uma verdade é certa, nossa sociedade está gravemente doente, quase terminal e as soluções paliativas que foram aplicadas não irá salvá-la; ao contrário talvez a mate mais rapidamente.
Vejamos uma amostra das soluções preconizadas pela mente simplória de grande parte dos “cidadãos de bem”:
- Mais polícia nas ruas. Não adianta muito, apenas aumenta o risco de tiroteios e ações indevidas da própria polícia.
- Mais prisões. Além delas, funcionarem, inevitavelmente, como escolas e universidades do crime; as pessoas que pedem mais prisões não fazem idéia doe quanto custa manter um preso (assunto interessante para um próximo bate papo).
- Pena de morte. Se fosse solução em países onde é adotada não haveria tantos crimes. Aqui ela já existe; mas, os expectadores não se deliciam com a morte de jovens desempregados da periferia que são jurados de morte e mortos, ás vezes, apenas por ter nascido em berço não tão esplêndido.
- Põe esse pessoal para trabalhar. Arrumem empregos para eles.
- Vamos Evangelizar esses jovens. Se andar com uma bíblia debaixo do braço, palestras e leituras tivessem o poder de transformar nossa índole; seríamos todos santos e a terra seria o próprio paraíso.
- Enfim, muitos dos leitores já ouviram soluções tão inúteis quanto descabidas; mas, vamos brincar um pouco de imaginar:
Imaginemos que esta crise econômica tenha vindo para ficar – na notícia a respeito da comunidade Paraisópolis a reportagem dizia que lá moram aproximadamente 80.000 pessoas e que em cada dez, quatro estavam desempregadas, com certeza boa parte serão jovens. Quando em grupo e com a mente desocupada, estão sujeitos a vícios e a serem induzidos a atos que depois se arrependerão.
Temos uma teoria, aguardarei a passagem do carnaval, especialmente nas cidades onde a bagunça ocorre na rua. A bomba relógio está armada e o tempo está se esgotando - Depois voltamos a conversar.
Paz.
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