Muita gente boa está desanimando. Mudar os hábitos não vira – até parece que piora, dizem os mais pessimistas. Paro de fumar engordo. Faço mais exercícios e fico quebrado. Quanto mais saudável minha alimentação, mais os alimentos que antes usava sem problema, passam a me fazer mal. Será que melhorar não compensa? – Tento modificar minha conduta e coleciono um problema atrás do outro – Por quê? - Onde está o erro?
Quanto á mudança de hábitos, a pegadinha está em ignorarmos a capacidade de adaptação. A possibilidade de nos adaptarmos é imensa, tanto que nossa espécie é capaz de habitar todo o planeta nas condições mais adversas. Para ilustrar vamos usar o exemplo do cigarro; no início do vício do fumo o odor e o gosto do tabaco são desagradáveis; mas, a compulsão é mais forte e logo o fumante está tão adaptado que não sente nem o gosto nem o cheiro; por isso, o fumante fica muito bravo com a reclamação dos outros a esse respeito. Mas, se um dia resolve deixar o vício, algum tempo depois ele torna-se mais intolerante a tudo que envolve o fumo do que aqueles que nunca fumaram. Nos dois casos, a capacidade de adaptação do organismo é que faz a diferença. Para responder á dúvida se vale a pena mudar ou não os hábitos alimentares, basta transportar o raciocínio do tabaco para os alimentos. Boa parte de nossos hábitos são herdados e o organismo se adapta a alimentos que não lhe fazem muito bem ou até que possam agredir o corpo. Muitas vezes ainda contamos com a ajuda forçada na adaptação feita pelo tipo de medicina que predomina – o corpo sinaliza a inadequação da dieta, mas com a ajuda de remédios ela é mantida. Na mudança de hábitos na tentativa de melhorar, o organismo se depura e uma nova adaptação é gerada – ao retornar aos alimentos antigos o corpo avisa através de sintomas e sensações que eles não são adequados; caso não tenhamos em vista esse detalhe podemos nos deprimir e imaginar que a tentativa de melhora é inadequada.
Quanto aos problemas que não param de surgir quando tentamos modificar nossa conduta, o detalhe que faz a diferença é o esquecimento da lei de causa e efeito atuando no tempo. Se nos recordássemos que hoje é o ontem de volta (tempo de colher e de plantar) e que as escolhas de hoje retornarão amanhã, ficaria mais fácil não subverter o raciocínio para o lado do comodismo.
Vale a pena neste momento relembrar que a capacidade do organismo não é ilimitada e que o estilo de vida atual nos levou a extrapolar todos os limites – Estamos até o tampo, por aqui; assunto de próximos bate papos – Sabe o que é o estresse crônico? – SGA (Síndrome Geral de Adaptação) é um dos cavaleiros do Apocalipse. Mudar para melhor em todos os sentidos, não só vale a pena; como é condição necessária, não mais para melhor qualidade de vida; e sim, para continuar vivo.
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