ADEUS A UM AMIGO
Recebi a triste notícia da “passagem” de um amigo. Claro que fiquei chocado; mas aproveitei para rever meu conceito de amigo; colega; companheiro de viagem, etc.
O colega de início de profissão como médico que mudou de CEP cósmico, trouxe á minha consciência uma série de indagações:
De que forma, eu o compreendi quando na juventude?
O CDF chato que levava a vida demais a sério; junto com seus amigos “cabaços” no linguajar dos arroubados jovens metidos a sabichões da arte e viver na época? – Mas, como não compreendi que era uma alma tão boa; que não se recusava a me emprestar seus cadernos de anotações em sala de aula; para que eu os pudesse xerocar em véspera de prova; mesmo me dizendo que nunca mais iria fazê-lo; ele teimava em se comportar como um pai: “Arrepiu, é a última vez”!
Quem acertou?
Quem se enganou na forma de ver e sentir a alma, desse, hoje, amado?
Por que antes ignorado; e hoje depois de morto para a maioria; amado?
Ele tentava nos mostrar o caminho do meio – não o da mediocridade e do meio termo – o da sabedoria.
Com certeza ele estava certo na leitura de vida e eu ainda iludido...
Ele não era o babaca e eu o sábio; ao contrário...
Pena; sei lá; pois cada coisa em seu devido momento; e antes tarde do que nunca diz o ditado eu o tenha compreendido em atraso; mesmo quando há poucos meses, ele tentou uma aproximação que não deu certo mais por minha culpa. O que será que meu amigo estava precisando de mim? – Um ouvido amigo? – Um aconchego? – confesso em publico que falhei em não encontrar espaço no meu inútil tempo; para ouvir e conviver com alguém que buscava uma reaproximação; não interessa como e por que - talvez para dividir com este sofredor suas dificuldades; se é que ele as tinha - Como vou saber; se perdi a oportunidade de descobrir?
Pensando bem; que raras vezes ainda fazemos:
Hoje o compreendo: E, nada a ver com foi: que isso fique bem claro para quem lê minhas reflexões.
Uma alma que poucas vezes, ou nunca, elevou a voz para determinar sua posição; ele colocava a todos nós através da postura no dia a dia, sua forma de viver de maneira simples e clara – é lógico que ele tinha seus problemas de todos os tipos; como nós todos; mas, nunca o vi tentar superar isso com o que fazia a maioria de nós: farra, bebidas, drogas (sim drogas lícitas ou não).
A seus amigos, familiares e pacientes; Eu na minha humilde condição de retardatário da compreensão de seu valor; solicito que enviem vibrações de respeito e amor a esse ícone da verdadeira arte se ser médico; um dos muitos que estão por aí – os ignorados...
Que todos nós que convivemos com ele possamos aprender algo com a emoção de sua partida – Precoce? – Quem sabe?
Para os leitores que não podem aquilatar o valor do ser simples, honesto e justo como médico: aprendam a viver um dia, após o outro com suas doenças; e a relevar a incompreensão nos momentos mais sofridos de suas vidas, acuados por exames e propostas de tratamento de suas doenças e pesares.
Quem foi o “Mestre Barba”? – Muitos de nós o chamávamos assim; sem aquilatar o verdadeiro sentido da palavra mestre.
Não devo comentar sobre meu amigo; sua tarefa de vida, nem sei se está no google; mas de uma coisa tenho certeza: se morrer mais alguém dessa turma de forma prematura (?) – nem todos estarão na minha galeria de ídolos.
Meu propósito nesta homenagem e réquiem é: Valorizemos nossos amigos de hoje. Quem está ombreando conosco? Quais os interesses em jogo? Interesses; e daí?
Vai fundo nesta nova vida; Barba!
Nós que aqui ficamos, precisamos ainda de tua ajuda!
Olá Américo, sou o Luís, filho do Antonio Barbieri. Sinto não ter respondido antes a esta bela homenagem feita pelo senhor ao meu pai. Hoje sinto que posso comentar, honrado, o que escrevestes. Não vivi nessa época que vocês estiveram ao lado de meu pai ( o mestre Barba ), os invejo, sim... invejo no sentido mais carinhoso da palavra. Eu conheci o “Barba” bem depois disso...durante sua missão já como médico formado, curando vidas e mostrando o caminho para aquelas que achavam que já a tinham perdido. Daria tudo por voltar ao tempo e ter a oportunidade de vê-lo novamente, sei que o verei...em breve todos nós nos veremos em um lugar mais evoluído ao lado de quem tanto admiramos e trabalhamos com o mesmo propósito: Fazer o bem.
ResponderExcluirSinto muito orgulho dele e suas palavras Américo, vêm a confirmar isso, sempre tive no meu pai um grande exemplo de honestidade, determinação e amor pelo próximo. Aprendi muito ao lado desse mestre que vocês falam...Agora uma coisa que perguntarei lá em cima é o Por quê que as pessoas boas estão indo embora mais cedo ?...e tão jovens? Quantas personalidades que pregavam o bem passaram pelo mundo de maneira tão rápida ? deve ter uma explicação...ou estarei equivocado sobre tudo o que penso sobre o “outro lado”. Quando as teremos ao nosso lado por mais tempo ? Como o senhor mesmo disse Américo “Nós que aqui ficamos, ainda precisamos de tua ajuda ! ”
Fica agora um vazio, mas esse vazio logo é preenchido com o amor deixado por meu pai, ficando a saudade, uma saudade que ora ri, ora chora; ora desespera-se, ora se acalma; ora se perde, ora se encontra... Encontro este, que anseio um dia ter a oportunidade de vê-lo novamente uma hora. Sublime hora.
Obrigado Américo pelas palavras, e um Natal com muita luz a todos nós. Um abraço
Luís Ricardo Barbieri - 23 anos – 16/12/2009