Desde o reino animal de forma instintiva nosso princípio inteligente detectou na sensação de medo a melhor forma de domínio sobre as outras criaturas.
Ao longo do tempo uns sempre pensaram mais do que os outros e o medo passou a sofrer várias mutações. Dentre elas a cruel cultura do sofrimento, um dos fardos mais pesados que nós carregamos nas costas; na caminhada da evolução humana.
E o pior: é uma das maiores de todas as paranóias já criadas.
Mesmo nestes tempos chamados de modernos, ainda é normal que a atitude de sofrer seja vista como fonte de progresso moral; pois, é inegável que ela estimula e impulsiona as pessoas de pouca qualidade humana a fugir desse padrão de sentir-se.
De nossa parte ainda há ainda uma forte tendência de parar para pensar com atenção nos fatos da vida; apenas na hora de tentar consertar o estrago provocado pelas escolhas mal feitas.
Antes de fazer a escolha e de executá-la pouco se pensa; ou melhor; analisamos apenas os interesses e desejos mais imediatos; como se os desdobramentos futuros fossem um tipo de ilusão.
Um fator que contribui para que a cultura do sofrimento ainda seja marcante também é simples: a maior parte das pessoas vive ás custas do sofrimento dos outros.
Essa cultura criou mártires paranóicos que trazem para as suas costas todo o sofrimento das outras pessoas, engrossando a legião dos incompetentes em viver como manda o figurino Divino.
Sofrer pelos outros e com os outros é o cúmulo; compadecer-se ajudar, colaborar; nada das atitudes de boa qualidade se relacionam com sofrer.
Cuidado com os profissionais do consolo:
A trilha do sofrimento não é o único e muito menos o melhor caminho possível para se atingir um estado de humanização mais adequado.
Sofrer é uma atitude esquizofrênica que pode ser explicada assim:
- Não se responsabilizar pelas conseqüências de escolhas já tomadas anteriormente.
- Revoltar-se, e não aceitar os fatos do presente. Verdadeira birra de criança. O fluxo da vida não dá a mínima para nossas birras e criancices psicológicas. O existir como ser vivente tem a eterna paciência de aguardar até que o arrependimento substitua a revolta e colabore na ampliação do entendimento e da consciência.
- Querer reter para si o que não lhe pertence: pessoas, bens, posses, etc. O apego ao que não nos pertence ou o sentimento de posse são focos importantes de sofrimento.
Não aprecio quem ou do que vive ou existe; apenas para consolar os outros. Consolar sem esclarecer e sem ajudar a viver as experiências necessárias, é uma sofisticada e sombria forma de crueldade. Crescer, sentir-se o bonzinho, ás custas da ignorância dos outros, não é nem de perto: caridade; quanto mais amor.
Quem ama cuida; educa; permite aprender; não se mete onde não é chamado; apenas faz pensar. Lembra da verdade a respeito da interferência na lei de causa e efeito: Bata que a porta se abrirá?
Brinque com o conceito de empatia:
Num momento você está do lado pedinte da porta. No seguinte, do lado atendente da porta.
E se você fosse analisar seus próprios pedidos com isenção?
Se ainda cultua o sofrimento; ao menos, aprenda com ele; dê-lhe utilidade.
Seus sofrimentos de ontem; como os vê e sente hoje? Com a mesma intensidade? Ainda sofre muito com as recordações?
Caso assim seja; passou pela vida; mas, não viveu – de lá até aqui muitas chances de compreender, certamente lhe foram apresentadas. Pense nisso; pois, lições não aprendidas; lições repetidas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário