quinta-feira, 30 de setembro de 2010

DIÁLOGO DE SURDOS NA RELAÇÃO ENTRE MÉDICO E PACIENTE

Uma das principais queixas dos consumidores da saúde na atualidade; é que os médicos não escutam os pacientes - descontados os problemas causados pelo sistema de seguro saúde e pela precariedade do serviço público – há, no mínimo, um sério problema de educação e cultura em jogo: as pessoas não sabem ouvir; todos querem apenas falar; ou, nem isso; quando se trata de preservar interesses.

Desejamos ardentemente ser ouvidos; sem sermos interrompidos.
Estamos todos carentes de amor e atenção – a vida se tornou fast-food e descartável – ninguém tem tempo para ouvir ninguém; esse, até certo ponto, é um dos fatores de risco de contrairmos muitas doenças; de demorarmos a nos curar e até morrermos em virtude delas.

Com certeza muitos pacientes ficariam livres de seus sintomas se o médico dispusesse de tempo para funcionar como terapeuta ou psicólogo. Mas, não é nem será o caso; pois, além de ser inviável no atual sistema, sob muitos aspectos; ainda não daria certo para o tipo de ser humano disponível no mercado da vida na atualidade.

A lei da reciprocidade não faz parte da nossa prática de vida:
Quando na condição de paciente queremos ser ouvidos; mas, não queremos ouvir o médico; suas recomendações mais básicas a respeito de cuidados mais do que primários, com relação aos hábitos de vida soam aos nossos ouvidos como válvula de escape para falta de competência – as pessoas reclamam; mas, se saem de um consultório sem uma lista enorme de pedido de exames ou uma receita com um monte de medicamentos, o médico não é dos bons.

Fazendo uma paródia: quando se trata de relatar os sintomas, os pacientes se comportam como as mulheres – elas, necessitam, querem falar; não lhes interessa soluções, precisam apenas falar.
Os médicos representam o lado masculino da medicina, não tem paciência para ouvir; e logo eles apresentam soluções; as mais práticas, possível. Tal e qual nos relacionamentos entre homens e mulheres; essa postura oposta de necessidade de falar e ouvir gera discórdia.

No fundo, o núcleo de nossos problemas humanos sempre será: educação. Impossível reestruturar qualquer área de nossas atividades sem mexer no sistema educacional.

Neste hospital psiquiátrico que é o planeta, vamos levando a vida – o sistema de saúde adotado em boa parte do mundo tornou os médicos surdos; alguns estão ficando surdos e mudos; apenas escrevem ou digitam – os pacientes falam com seus botões e trocam impressões diagnosticas entre si receitam uns para os outros, se automedicam.
Segundo os ditados populares houve piora; dizia o antigo: “De médico e louco, todo mundo tem um pouco” – Acrescente-se hoje: “De médico, louco, surdo e mudo, todo mundo tem um pouco, bastante”.

Esse estilo de comunicação entre médicos e pacientes gera desconfiança que quebra a sintonia; dificultando o desaparecimento dos sintomas ou a cura.

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