terça-feira, 17 de agosto de 2010

NÃO POSSO? – NÃO DEVO?

Desde tempos a perder de vista, nós costumamos pinçar o entendimento de frases e conceitos, segundo nossa visão de mundo já instituída; e de acordo com os interesses do momento.

Ás vezes, após uma conversa ou palestra é comum ouvirmos alguém dizer a outro: Fulano disse que tal coisa não pode. Nessa interpretação há um equívoco: provavelmente a pessoa disse: não deve; ou, não é conveniente; ao invés de não pode.
O equívoco nesse tipo de interpretação decorre, em parte, do sistema de educação. Na infância ouvimos incontáveis vezes: Não! Não pode! e raras vezes: Não; não deve! – Claro que isso faz diferença no comportamento futuro; Não pode; sugere proibição (e pela falta de maturidade psicológica temos impulsos de afrontá-la); Não deve; eqüivale a uma sugestão (acatamos mais facilmente sugestões do que ordens) - a um pedido de parar para pensar e avaliar as conseqüências da escolha.

Paulo de Tarso, na primeira epístola aos Coríntios (Cap. 10 – 23 a 25) deixou um convite á reflexão a respeito do uso do livre arbítrio: “Tudo te é permitido (lícito); nem tudo te convém”.

Ao refletirmos a respeito das diferenças entre não pode e não deve, é preciso levar em conta; que nosso livre arbítrio é limitado no tempo espaço; a liberdade de hoje está sujeita á qualidade das escolhas de ontem; pois, algumas restringem e outras ampliam. Além disso; a liberdade é relativa à capacidade já desenvolvida de pensar e de escolher. E, sendo nossa vida interativa e comunitária, ninguém vive só; nossas relações são de interdependência, e até em certas fases, dependemos uns dos outros. Então: Se, decidir o quê, e, em que momento, me é possível fazer uma escolha, sem o hábito de antever-lhe os efeitos, já é complicado; pior ainda, é ter que fazer isso para outra pessoa como ocorre na nossa infância. Como pais temos que decidir, o que, e, em que momentos as crianças podem fazer suas escolhas – e isso, pode ser determinante para a qualidade do futuro delas.

Pode parecer estranho que no sistema de educação atual o adulto permita cada vez menos á criança aprender a manejar a lei de causa e efeito; até mesmo nas ocorrências mais simples do dia a dia.
Essa postura nos impede de aprendemos a pensar, analisar antes de escolher; daí, nós vivemos em permanente reforma; o pior é que, sem clareza e sem motivos adequados; o que faz com que nos atrapalhemos com coisas simples como não pode e não deve.

Na brincadeira de diferenciar o não pode do não deve - Uma analogia fácil de se interpretar é o ato de comer.
Imaginemos uma situação cada vez mais comum: o diabetes.
Será que o diabético não pode ou não deve comer doces, por exemplo. Poder é claro que pode; pois, o que lhe resta de livre arbítrio permite que se suicide através da doença (sim, na sua maior parte, a doença não deixa de sê-lo – recomendamos o filme Nosso Lar produção Fox que será lançado na primeira semana de setembro); se deve ou não; isso, já envolve outros efeitos tanto no seu futuro quanto no das pessoas que, de alguma forma, dependem dele e o amam.
É preciso e possível mudar as escolhas?
Se o conjunto de motivos capaz de levar o diabético á mudança na dieta, não está bem definido; cria-se um conflito difícil de administrar. Pior, quando torna-se uma obrigação no estilo: ou muda ou morre. Reciclar sob pressão torna-se algo penoso e desagradável. A mudança ideal é aquela que é feita segundo uma opção clara e lógica. Executada segundo a vontade do interessado. Faço porque quero. E sei porque o desejo.

Algumas pessoas nessa circunstância chegam a comer escondido; até porque seu subconsciente entende como proibição e não como sugestão a restrição ao carboidrato doce ou salgado.

Continuando com o exemplo do hábito alimentar:
Quando alguém pergunta: - O que posso comer?
É possível responder: Tudo o que consiga mastigar; com uma ressalva: é preciso analisar se é bom ou não para o seu corpo, para sua mente e até para sua alma; pois o alimento ótimo para uma pessoa pode ser um desastre para outra, sem que ela esteja doente.

Esperamos que com a ajuda dessa colocação de Paulo fique mais fácil interpretar a diferença entre proibição e sugestão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande artigo! Ficará bem mais fácil explicar pros meus pais o q eles podem e o q eles devem comer - pq tá difícil!
Sua paciente - Flávia CL

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