sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

DOENÇA: PROBLEMA OU SOLUÇÃO?

Todos os dias eu recebo novos pacientes para tratar; e boa parte das vezes; o inicio da conversa, é mais ou menos parecido: O que me conta? – Bem doutor, eu estou com um problema (alguns relatam mais de um) – boa parte chega com uma pasta de resultados de exames (problemas). Ouvimos e checamos; o diagnóstico real deve ser repassado aos poucos; pois, quase sempre o chamado problema é a solução para a manutenção da vida. Não é fácil substituir conceitos, dogmas e crenças gerados pelo atual sistema de diagnóstico e tratamento (descobertas ocasionais de exames ás vezes desnecessários detonam com a qualidade de vida de muitas pessoas que viveriam mais tempo e com mais qualidade; caso não soubessem serem portadoras de alterações até genéticas). Quando é possível instigamos o paciente a redefinir seu conceito do que seja um problema. Antes de continuar, vale conceituar para tentar uniformizar o que seja um problema para nós. Pois seus problemas podem ser soluções ou lições para mim e vice versa; embora muitos possam ser comuns tanto como problemas como soluções. O que são problemas? - Repetimos tantas vezes a palavra problema que se faz necessário, antes; conceituar o que seja. Utilizemos uma das definições do dicionário: “tudo que é difícil de explicar, tratar, lidar, etc. Vamos agregar a ela o conceito tempo/espaço da relatividade, o que pode criar o conceito de quase/problema ou até mesmo uma solução. No dia a dia vivemos o imediato e isso que gera o impulso de perceber determinadas situações como um problema. Se nossa visão de mundo fosse mais abrangente, capaz de aglutinar num mesmo momento: passado/presente/futuro, a mesma situação poderia ser vista e sentida como a solução necessária. Exemplo: situações que hoje parecem injustiça; elas são apenas a exata aplicação da justiça ou lei de causa e efeito. Sem retroceder muito no tempo analisemos a situação de uma pessoa que se queixa de que não tem “sorte” nas suas relações afetivas, todas as pessoas se vão; ela esquece que, durante um bom tempo cultivou o hábito de seduzir pessoas, achando-se com isso o máximo; quando as pessoas se apaixonavam por ela eram logo abandonadas. Seu problema atual nada mais é do que a solução para que aprenda a respeitar os sentimentos dos outros. Essa a solução encontrada pela vida para educá-la. Problemas sugerem dúvidas, indagações, vamos criar algumas dúvidas possíveis e tentar equacioná-las.
Qual a diferença entre problema/real e problema/fictício?
Exemplo: duas pessoas estão com problemas financeiros. As duas estão sem dinheiro para adquirir alguma coisa que precisam. Uma delas precisa dele para trocar o carro velho por um mais novo. A outra precisa para pagar uma dívida, e está sendo ameaçada, desesperada rouba, é pega em flagrante e vai presa. O problema da primeira é um quase/problema, pois a situação pode ser adiada e ela pode cuidar melhor do carro velho; já o da segunda é palpável, porque o fato de estar sem dinheiro para quitar a dívida tornou-se um problema/real, pois, gerou efeitos; ela perdeu a liberdade, foi para a cadeia.
Pode haver algum tipo de relação entre um problema físico e um problema psicológico?
Sim e não, depende da interpretação que se dá à situação. Exemplo: duas pessoas; não tem um dos braços (problema físico) que pode gerar um problema psicológico, isso depende de que forma a pessoa racionaliza o fato. A maneira de interpretar faz a diferença e determina atitudes e condutas diferentes. No exemplo citado, para um deles o fato de não ter um dos braços é um problema insolúvel que gera uma sensação de não aceitar e de sofrer; no entanto o outro pode encarar a situação como uma oportunidade capaz de ajudá-lo a desenvolver a força da vontade de superar-se.
Reagir de uma forma ou de outra não é nem melhor nem pior, pois uma situação psicológica deve ser entendida como uma situação num dado momento; já a situação de vida é mais constante e persistente que a situação do momento psicológico que pode ser modificado com mais facilidade. Cada pessoa num determinado momento age e reage da forma que é a melhor possível para ela naquela circunstância. A situação de vida faz parte e influencia o comportamento, mesmo que isso não seja percebido.
Existem problemas sem solução?
Um problema é algo dinâmico e não estático no tempo e no espaço; para uma mesma pessoa, no presente é problema daqui a pouco segundo novos valores e conceitos pode não ser mais.
É possível, medir, quantificar problemas? O que seriam problemas/maiores e problemas/menores?
Os primeiros seriam aqueles para os quais a maioria não consegue identificar soluções, já os segundos seriam os que para alguns a solução já é possível e até fácil de ser encontrada.
O que seria um problema/paradoxo?
É problema para uma pessoa que pode ser interpretado como solução para outra ou simplesmente uma lição a ser aprendida. É o caso do problema/auxílio que funciona muito bem na doença, que é sempre um mal menor evitando um maior. Ou o problema/distração que também pode ser exemplificado pela doença: num determinado momento da sua vida algumas pessoas estão sendo tão “daninhas” aos seus interesses evolutivos e aos das outras pessoas que a cercam, que a natureza lhes “arruma” uma doença para que se distraiam. Observe quantas pessoas conhece cuja vida não serve para mais nada, do que correr atrás de médicos, de exames, etc.
Qual a diferença entre as conseqüências de um problema real para um imaginário?
Nesse caso também é a interpretação que vale; mas as conseqüências independem se o problema é concreto ou não. Exemplo: alguém está com fome, isso é um problema concreto: dor no estômago que só desaparece quando come. No entanto, se uma pessoa acha, presume que está sendo traída e com o orgulho ferido, torna-se: infeliz, doente ou com insônia, tanto faz que esteja ou não sendo traída...
Que diferença pode trazer na qualidade de vida da pessoa a mudança do conceito de problema para lição?
Pode fazer toda a diferença entre sentir-se feliz ou infeliz. Observemos um detalhe: a polaridade razão/emoção. Se colocamos o rótulo de problema numa determinada situação; podemos interpretá-la segundo um enfoque onde predomina a emoção ao invés da razão e o medo pode tomar conta, o que pode retardar a solução ou complicar a situação, pois quando dominados pela emoção agimos segundo um padrão de impulsos pré/determinados.
Ao rotularmos a situação como uma lição a ser aprendida, normalmente a razão assume o comando, o que permite uma nova interpretação da ocorrência e o controle das emoções, o que pode facilitar o êxito ou resolução.
Aceitação e consolo resolvem problemas?
Sim e não. Podem resolver os psicológicos que dependiam de um estado de sentir-se ou da interpretação do momento. Mas, dificilmente podem resolver os que decorrem de uma situação de vida, atenuá-los sim, torná-los mais suportáveis sempre é possível em qualquer um dos casos.
Problema implica em sofrimento?
Relativamente, pois depende do momento psicológico do indivíduo e da interpretação que lhe seja dada.
Reflexão:
Anote:
- Qual conceito de problema costuma usar na interpretação das ocorrências do seu dia a dia. Esse conceito é seu, é interpretação sua de verdade ou são conceitos copiados das outras pessoas?
- Verifique no que considera como seus problemas, o quanto eles representam sua condição de “Maria vai com as outras...”, um mero seguidor de moda..
- Diante de uma determinada situação, se alguém lhe diz ou sugere que você está com um problema, seja de forma direta ou indireta, você acredita prontamente? Incorpora isso, como uma realidade sua? Exemplo: quando assiste ao noticiário da televisão e ouve que a Bolsa de Valores; não sei de que lugar caiu um tanto de pontos e que a taxa de juros vai subir ou descer, isso é colocado como um grave problema, às vezes. Até que ponto isso influencia sua forma de sentir-se bem ou mal, triste ou depressivo, motivado para a vida ou desmotivado para viver?
Continue a anotar:
a) Redefina o conceito de problema. Mesmo que isso não te pareça no momento muito importante pode ser um fator decisivo entre continuares vivo ou te tornares um morto/vivo Depressivo, Angustiado, ou em Pânico.
b) Identifica o que rotulas como teus problemas pessoais e teus problemas familiares. Consegues separar uns dos outros? Se tens problemas; tua família também tem problemas?
c) Separa o que são teus problemas psicológicos íntimos do que são teus problemas de vida interativa.
d) Consegues identificar a forma de resolvê-los? Quais podem e quais não podem ser resolvidos? Em que prazo? e) Verifica tua capacidade de aceitar cada um deles.
Não tenha preguiça de escrever, pois isso pode tornar-se; um grande problema.
Se há problemas; eles têm sua origem em algum lugar, em algo ou em alguém. De onde vêm nossos problemas? Antes de prosseguirmos vale a pena estudar o conceito de sofrer: O que é o sofrimento? Sofrimento é uma interpretação de determinada situação, que só existe na cabeça do ser humano. Animais apenas podem sentir dor física. A dor não alimentada pela interpretação é um tipo de sofrer extremamente passageiro. Uma das criações mais eficientes do candidato a ser humano para a própria evolução foi o conceito de sofrer, que depende de dois fatores: em primeiro lugar está a não aceitação do momento presente, que num paradoxo foi por nós mesmos idealizado ontem (o presente é sempre a materialização das escolhas de antes), e hoje escolhemos o que se concretizará amanhã e, isso parece birra de criança ou não?. Em segundo lugar, está o apego, o achar-se dono de..., sem nada ter feito para..., simplesmente: é meu, é meu, sou dono. Que coisa imatura e inconseqüente; pois, nos achamos donos do que não idealizamos nem criamos: o planeta, as pessoas, os bens materiais, os títulos sociais ou tentamos tornar perene sensações de prazer até o limite da dor? O absurdo dos absurdos para o “deus humano” é carregar, trazer para si o sofrimento dos outros.
Retornando ao assunto, para algumas pessoas é fácil mostrar que sua gastrite, por exemplo, é a solução para frear o apetite compulsivo, a obesidade mórbida, o diabetes; além de desenvolver a paciência, tolerância, raciocínio crítico; enfim continuar vivo mais algum tempo; escapando um ouço do suicídio inconsciente...
Redefina seus problemas...
Paz.

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